quinta-feira, 21 de março de 2019

Golpe Baixo (The Longest Yard) 1974

Burt Reynolds é Paul Crewe, um ex-jogador de futebol americano que caiu em desgraça e que foi banido da NFL. Preso por agredir um guarda e resistir à prisão, acaba em uma penitenciária cujo diretor (Eddie Albert) mantém um time formado pelos guardas. Pressionado, Paul forma um time de presidiários, aos trancos e barrancos, do qual fazem parte figuras que, de outra forma, se odiariam. Todos com um propósito em comum: ir à forra contra os guardas opressores, dando neles uma surra daquelas. Paul Crewe, por sua vez, enxerga no jogo a sua chance de resgatar a honra perdida.
"Golpe Baixo" (the longest yard) é um veículo e tanto para Burt Reynolds. Com roteiro de Tracy Keenan Wynn, em cima de um argumento de Albert S. Ruddy, o filme é dirigido pelo mestre Robert Aldrich. Se, essencialmente, o que temos é uma história sobre inconformismo e anti-autoridade (além de lidar com um tema caro ao cinema americano: o da segunda chance, ou, parafraseando Paulo Vanzolini, o do levanta-sacode-a-poeira- e-dá-a-volta-por-cima), com Aldrich na direção é inevitável a sensação de que vemos um repeteco de seu "Os Doze Condenados" (the dirty dozen - nota do autor: um dos filmes da vida deste que vos escreve). Os elementos se repetem: um outsider recruta um bando de facínoras, mequetrefes, pústulas, pulhas mal encarados e demais sujeitos de maus bofes,e os treina para uma missão quase impossível.
E que elenco de párias! Trata-se de um verdadeiro quem é quem de character actors, dos melhores que Hollywood já viu: Ed Lauter (cuja cara parecia talhada num pedaço de madeira), o varapau Richard Kiel, Robert Tessier, Mike Henry e outros.
Mas o grande destaque é o jogo entre guardas e prisioneiros no qual o título brasileiro do filme se mostra plenamente justificado. São 47 minutos em que Robert Aldrich faz uso de uma edição frenética, transformando o jogo visto na tela em uma cópia perfeita de uma partida verdadeira, com a montagem paralela, com imagens do jogo intercalando-se às imagens da torcida, do banco de reservas, slow motion, sons de ossos se partindo, corpos se batendo.
Esse é um dos filmes que fazem parte da minha memória afetiva. Eu o vi, pela primeira vez, em 1985, aos doze anos, quando foi exibido na televisão, e nesses anos que se passaram - nesses 34 anos -, em todas as suas reexibições, em cada uma delas era como se "Golpe Baixo" fosse uma novidade para mim. 
Não esperem uma obra prima do cinema, ou mesmo um filme de incomparável qualidade artística, ou mesmo um desses cult movies que vão do nada para lugar nenhum,sabe? Desses filmes que sao uma espécie de pré tudo e pós nada cinematográfico? Nada disso. O único intuito de "Golpe Baixo" é divertir, e nisso ele é bem sucedido.
* Texto da autoria do Alexandre Mourão.

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