terça-feira, 25 de setembro de 2018

O Esplendor na Relva (Splendor in the Grass) 1961

"Desde as primeiras notas da intensa música de David Amram e da imagem inicial de Bud (o estreante Warren Beatty) e Deanie (Natalie Wood) a beijar-se num carro ao pé de uma tumultuosa catarata, "Esplendor na Relva" resume o encanto do melodrama de Hollywood no seu melhor. As paixões reprimidas pela sociedade (o lugar é Kansas, 1928), encontram uma expressão deslocada em cada explosão de côr, som e movimento gestual.
A repressão, no filme, está em toda a parte, uma força que tortura as personagens em direcções monstruosas e disfuncionais. Os homens são obrigados e ter sucesso e a ser machões, enquanto as mulheres têm de escolher entre a virgindade e comportamentos "de puta" - esse é o caso de Ginny, a irmã anti-convencional e "flapper" de Bud, indelevelmente encarnada por Barbara Loden.
O realizador Elia Kazan trabalhou no cruzamento da narrativa clássica, criada no estúdio, com as formas inovadoras e dinâmicas introduzidas pela representação segundo o Método e a Nova Vaga Francesa. Aqui, trabalhando com o dramaturgo William Inge, ele conseguiu uma síntese sublime das duas estratégicas. O filme faz uma análise lúcida e concentrada das contradições sociais determinadas por classe, riqueza, indústria, igreja e família. Ao mesmo tempo, "Esplendor na Relva" é uma película, na qual as personagens se definem como indivíduos autênticos, actuando e reagindo num registo muito longe dos clichés de Hollywood."
Texto de Adrian Martin.
Filme escolhido pela Cláudia Marques.

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