domingo, 4 de fevereiro de 2018

A Cativa (La Captive) 2000

Simon é um jovem parisiense que vive num apartamento elegante com a avó e a namorada, Ariane. O intenso amor de Simon para com Ariane faz com que tenha suspeitas sobre a fidelidade da namorada e segue-a durante um tempo, acreditando que ela tem um caso lésbico. No fim, convencido de que Ariane leva uma vida dupla sórdida, Simon insiste que se separem, um acto que resulta em consequências trágicas...
Vagamente baseado no quinto volume do monolítico de Proust "Á la Recherche du Temps Perdu", La Captive é um negro estudo do amor obsessivo de Chantal Akerman, atualmente uma das realizadoras mais cotadas da Bélgica. A sensação que fica é que o filme é mais um thriller psicológico do que um tradicional drama romântico, com frequentes referências a Vertigo de Hitchcock, mais do que evidentes.
 A característica mais marcante é a sua fotografia austera. A maior parte do filme passa-se durante a noite ou em ambientes escuros, algo que constantemente enfatiza a relação de prisioneiro/carcereiro dos dois jovens amantes. Acrescente-se a isso as interpretações contidas (mas eficazes) dos dois atores principais, e o resultado é uma obra assombrosamente existencialista, um poema negro e arrepiante de um romance de conto de fadas distorcido, obliterado por aberrações mentais perversas. 
Pelo lado negativo, a frieza implacável do filme rouba-o da humanidade e enfraquece a caracterização a tal ponto que é quase impossível a simpatizar com os personagens centrais. Nós nunca compreendemos a razão para o comportamento de Simon, e ele continua a ser um enigma, uma caixa fechada, e até à sequência final final. No entanto, apesar de um pouco longo, La Captive impressiona como uma obra profundamente perturbadora que oferece uma quantidade instigante de paranoia e desejo.

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