quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Os Amantes Regulares (Les Amants Réguliers) 2005

François tem 20 anos em Maio de 1968, tempo de revoltas estudantis em França. Há cargas policiais sobre as barricadas construídas pelos jovens. É aí que pela primeira vez se cruza com a bela Lilie. Perseguidos nos telhados, conseguem escapar da polícia de choque. De manhã, sente que viveu uma guerra civil e Lilie desapareceu. François escreve, é um poeta não publicado, com os seus amigos, artistas e estudantes. São uma dezena, têm entre 20 e 25 anos: fumar haxixe, a descoberta do ópio, mudar a vida, as festas, as miúdas... Lilie reaparece uma noite. O desejo de revolução é forte. Mais forte ainda o amor que vai nascer entre os dois.
Filmado num lustroso preto e branco, "Os Amantes Regulares" é uma meditação melancólica, tanto sobre os eventos de Maio de 1968 em Paris, como o caso de um amor condenado. Com a realização do pai, Philippe Garrel, e o próprio filho Louis no papel principal, o jovem poeta e aluno protestante  François, que se apaixona pela bela e esculturar Lilie, durante o rescaldo da revolução.
É um filme dividido em duas partes, com a primeira hora a focar-se na "Noite das Barricadas". Louis e os seus amigos lançam cocktails molotov em colunas da policia anti-motim, numa sequência prolongada cheia de toques expressionistas. As sequencias de gás lacrimogéneo em todo o lado, as sequências de sonho imaginando revoltas ao longo da história, e as prespectivas restrictas de câmera dão a estes confrontos uma qualidade fantasmagórica.  
O resto do filme concentra-se na relação entre François e Lilie. O casal retira-se da sociedade dominante e circula por um círculo de amigos artistas, e fumadores de droga. Esta parte do filme é, sem dúvida, uma homenagem à Nouvelle Vague francesa, onde jovens actores vagueiam pelas ruas parisienses desertas, as conversas são apanhadas em fragmentos, e os actores abordam directamente a câmara. É um filme bastante exigente, onde a sua tristeza e desilusão têm um poder hipnótico.

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