domingo, 29 de outubro de 2017

O Presidiário (Cool Hand Luke) 1967

"Há estrelas e há actores como Paul Newman, cuja presença icónica e penetrantes olhos azuis transcendem regularmente até o melhor trabalho em que trabalham. A postura galharda de "O Presidiário" pode oscilar de vez em quando, mas a magnética personalidade de Newman empresta ao filme o peso que a sua história relativamente simples luta nobremente por suportar. Filmado num impressionante ecrã largo (o melhor a captar o brilho do sol e os prisioneiros, ligados por correntes, luzidios de suor e sem camisa), o filme de Stuart Rosenborg vacila ambiciosamente entre uma história francamente anti-autoritária e uma grande lenda "macho" para acabar numa curiosa e incompleta alegoria de Cristo.
O facto de a película se afundar desajeitadamente a meio caminho não deve surpreender ninguém, mas "O Presidiário" continua mesmo assim a prender a atenção. Newman interpreta um homem comum enigmaticamente recalcitrante, Lucas "Cool Hand" Jackson (Luke) atirado para o presídio por cortar, em rebeldia, os topos dos paquímetros. Uma vez encarcerado ele colide, sem surpresa, com um sistema de regras ainda mais teimoso e, à medida que o seu estoicismo perturbador se torna mais disruptivo, as punições que lhe são infligidas tornam-se mais severas. Cheio de diálogos citáveis e sequências memoráveis, "O Presidiário" existe como uma obra icónica em si mesma, decepcionamtemente ligeira em significado, mas cheia, de modo definitivo, de significação cultural (contracultural).
Efectivamente, várias frases do filme entraram no léxico do cinema (a ameaçadora declaração discreta: "o que temos aqui é um problema de comunicação", por exemplo) enquanto cenas como a aposta de comer ovos e uma batalha a murro no átrio da prisão são a essência da lenda do cinema. Uma grande parte do charme considerável de "O Presidiário" deriva de um colorido elenco de actores secundários, um contingente de faces jovens que um jovem Dennis Hopper, Harry Dean Stanton, e George Kennedy como o rival de Newman, depois o seu braço-direito.
Kennedy levou para casa o Óscar de Melhor Actor Secundário pelo seu retrato de Dragline, o definitivo duro ingénuo. Mas no coração do filme está o desempenho tranquilamente carismático de Newman, que mostrou o actor no topo do seu jogo e propulsionou para o topo a sua popularidade. Comparado com o desempenho super-activo de Jack Nicholson no estranhamente similar "Voando Sobre um Ninho de Cucos", Newman em "O Presidiário" é todo subtileza, sorrisos sabedores e confiança" Texto de Josha Klein.

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