Hud Bannon (Paul Newman), é um jovem implacável que deixa marcas em tudo o que toca. Hud representa a encarnação perfeita da juventude em fúria, capaz de entrar em qualquer briga sem medir as consequências. Há um amargo conflito entre o insensível Hud e o seu pai Homer, um homem severo e altamente fundamentado. O sobrinho de Hud, Lon, admira a rebeldia de Hud, embora se dê conta da amoralidade que acompanha o seu tio.
Protagonistas pouco simpáticos nunca foram estranhos para os ecrãs americanos quando "Hud" viu a luz do dia, em 1963. Na década de 30, James Cagney tinha construído uma carreira à custa de criminosos carismáticos, e Clark Gable (cujos primeiras obras inspiraram Martin Ritt e os argumentistas deste filme) muitas vezes interpretava personagens que se encontravam do lado errado da lei. Mas como Ritt observava, Gable era sempre convertido perto do final do filme, e sobrevivia, e os personagens de Cagney, bem mais perversos e brutais, acabavam por ser punidos ou mortos. Parecia que o cinema americano não estava disposto a apresentar um rebelde que não estivesse disposto a se apresentar e curar, até que apareceu "Hud", apresentando um personagem amoral do princípio ao fim do filme.
"Hud" também abordava uma mudança na sociedade americana, e um novo cinismo sobre o nosso modo de vida, e as pessoas que nela alcançam sucesso. Na história, o velho Homer Bannon,,um rancheiro respeitável e com princípios, cujo mundo desmorona em torno dele, adverte o seu neto sobre os perigos de admirar o seu outro filho, Hud. Homer diz-lhe que a nossa percepção do mundo muda conforme as pessoas que admiramos, adivinhando a queda da inocência do jovem e um passo para o que muitos vêm como a sociedade corporativa, cada vez mais popular.
"Hud" era um de vários westerns modernos, que lamentavam a morte do mundo aberto e livre do velho Oeste, e os seus códigos de ética. Filmes como "The Lusty Men" (1952) e "Lonely Are the Brave" (1962), eram centrados na figura de um robusto herói masculino individualista destruído por um mundo que o deixava para trás, com pressa em direcção ao progresso. Mas neste fillme, é esse robusto individualista que se recusa a comprometer-se, o que é mostrado como a sua força mais destruidora.
O que era mais incrível nesta caracterização, foi o facto de ter levado à tela a estrela mais popular dos seus dias, Paul Newman, e era apresentado com desempenhos sensíveis e atraentes, não só da parte de Newman como também do restante elenco (Patricia Neal e Melvyn Douglas ganharam Óscares). Newman ficou consternado ao ver como os mais jovens receberam o filme. Em vez de odiarem Hud viram nele uma personagem carismática e atraente, transformando-se num ídolo para a juventude transviada. Martin Ritt, o realizador, não gostou do que viu, e considerou ter cometido um erro na sua representação. A história estava prestes a ultrapassar as exigências morais do cinema, sinais de que o cinismo, e o respeito pelos egoístas estavam a tornar-se nos novos padrões.
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Obrigado Chico, por esta feliz descoberta, que já algum tempo procurava. Um abraço desde a Madeira.
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