sábado, 1 de julho de 2017

Motherland Hotel (Anayurt Oteli) 1987

O solitário proprietário de um pequeno hotel numa cidade turca da província desenvolve uma paixão por uma hóspede, e a sua rotina do dia a dia começa a desmoronar-se. 
Um dos grandes clássicos do cinema turco dos anos oitenta, é, em primeiro lugar, um "character study". Baseado no livro homónimo de Yusuf Atılgan, escrito em 1973, no rescaldo do golpe de estado de 12 de Março de 1971 (embora a acção no livro se passe em 1963), tem como primeiro plano a narrativa de um gerente de hotel numa pequena cidade da província, cuja obsessão por uma mulher misteriosa o leva por caminhos sinuosos. O ambiente da sociedade desmoralizada pós-traumática dos anos 80, o período em que feito o filme, é referenciado através de uma cidade provinciana sonolenta onde tudo chega com atraso: as notícias, a música, a moda, a política, e até mesmo o comboio da capital, que trás esta misteriosa passageira. São prevalecentes as desigualdades, a exploração, opressão social e política, a desconfiança e o fanatismo. 
O filme é uma das melhores adaptações literárias do cinema turco, no entanto, ao contrário do livro, que se debruçava sobre a interpretação explícita dos desejos sexuais, o filme de Omer Kavur concentra-se nas emoções. O passado, descrito no livro, é referenciado por apenas duas vezes no filme: através de Zebercet como narrador, e através da conversa no parque com um homem idoso. 
A alienação do indivíduo numa sociedade moderna e a passagem do tempo, seriam temas que Kavur desenvolveria mais profundamente em filmes posteriores, e estão no centro desta narrativa. Combinando com o seu fascínio por sonhos, símbolos e o significado oculto dos objectos, "Motherland Hotel" é uma das obras primas do cinema turco. 
Concorreu no festival de Veneza de 1987, onde ganhou o prémio Fipresci. 

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