quinta-feira, 6 de julho de 2017

Inocência (Masumiyet) 1997

Entre as paredes em ruínas de hotéis degradados, bares sórdidos e cidades esquecidas, três párias, prisioneiros do seu amor, vivem uma roda-viva. Um deles é uma prostituta, o segundo o seu chulo/guarda-costas e outro um jovem ingénuo, recém saído da prisão, mas que está preso num círculo de fogo. A miséria das suas vidas só é mais intensa à medida em que se apegam a coisas que nunca tiveram. A sociedade tem voltado as costas para os três, Bekir, Ugur e Yusuf, mas eles continuam procurando o amor nos lugares mais improváveis.
Do título do filme à narrativa, o realizador
Zeki Demirkubuz, no seu filme revelação, questiona os valores morais de uma sociedade masculinizada, ressalvando a sua variabilidade. Ironicamente a "honra" da dona de casa oprimida é a a sua maldição, enquanto que o seu trabalho "sexual" é a sua libertação. O encontro de Yusuf com a família é crucial na sua transformação de um homem que mata pela honra da família a um homem disposto a se tornar proxeneta de uma prostituta e a recompor a família, se ela aceitar. Embora os julgamentos morais permaneçam constantes, ele adquiriu compaixão. 
Evocando a intensidade emocional de um filme de Ingmar Bergman com a combinação idiossincrática de humor discreto e melodrama, "Inocência" é elegante, incrivelmente complexo e um estudo minucioso de obsessões. Mas, para além da obsessão psicológica que define a interminável jornada de Bekir e Ugur para lugar nenhum, o enquadramento da sua relação através da sua perspectiva da inocência, primeiro através da criança muda de Ugur, e depois através do bem intencionado Yusuf, Demirkubuz apresenta um retrato intrigante, não só de uma personalidade flexível, mas também da hipocrisia inerente aos relacionamentos abusivos, onde a crueldade é racionalizada por uma sensação de vitimização indefesa.

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