quinta-feira, 23 de março de 2017

Nossa Senhora de Paris (The Hunchback of Notre Dame) 1939

A França no século 15 está à beira do fim da Guerra dos Cem Anos, e é retratada como sendo destruída pela ignorância, crueldade e superstição. Mesmo o rei sendo uma figura amável e um homem de pensamento moderno está cercado por reacionários e o seu regime é intolerante. O Conde Jean Frollo (Cedric Hardwicke) é o mais alto representante da justiça do rei e opõe-se ao progresso e a qualquer tipo de reforma. Um exemplo, ele quer ver a imprensa destruída porque ela vai encorajar as massas a pensarem por si, mas o rei, liberal, não deixa isso acontecer.
A nossa história conta como uma cigana (Maureen O'Hara) vai ver a sua vida andar para trás quando é acusada injustamente de um assassinato, e ser perseguida por isso.A única pessoa que o pode ajudar é um homem deformado conhecido como o Corcunda de Notre Dame, Quasimodo, que aqui é interpretado pelo grande Charles Laughton. 
Hollywood no seu melhor. Era o filme de maior orçamento da RKO (2 milhões de dólares, em 1939), um filme de período dramático que foi um dos maiores sucessos do ano, a nível de público e critica. Não esquecer que este foi o ano de filmes como "Gone With the Wind", "The Wizard of Oz",  "Mr. Smith Goes to Washington", "Jesse James", "Goodbye Mr. Chips", "Dodge City", Wuthering Heights", entre outros. Era uma adaptação sensível e séria do clássico livro de Victor Hugo, que nos fornece uma mistura equilibrada de história e horror, enquanto nos conta as aventuras de um tocador de sinos deformado, o corcunda surdo Quasimodo (tão bem interpretado por Charles Laughton), figura já mítica da literatura mundial, e o seu amor impossível por uma bela cigana, Emeralda (Maureen O'Hara, no seu primeiro papel principal, com 19 anos). Tudo isto no meio da agitação medieval que era o governo do rei Luis XI (Harry Davenport).
Sob a direcção de William Dieterle, o filme transmite um trabalho meticuloso e um sentido vivido do grotesco, com ricos cenários (projectados por Van Nest Polglase), e um grande trabalho do director de fotografia Joseph H. August, sem esquecer a brilhante caracterização de Quasimodo. O argumento de Sonia Levien e Bruno Frank era actualizado para o ano corrente, com as perseguições ciganas permitidas pela monarquia a serem comparadas com as perseguições aos judeus ocorridas durante o Holocausto. 

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