domingo, 16 de outubro de 2016

Sangue Cigano (Hot Blood) 1956

Stefano Torino (Cornel Wilde) não quer nada a ver com o clã cigano da sua família, mas o seu irmão Marco pensa de outra forma. Marco arranja-lhe um casamento com uma jovem cigana de Chicago, Annie Caldash (Jane Russell). Stefano, ou Steve, como ele agora gosta de ser chamado, mas Annie convence-o de que não pretende mesmo casar com ele, apenas quer fugir assim que Marco pagar ao seu pai os $2000 que prometeu. Steve decide prosseguir com a farsa, mas é surpreendido quando descobre que Annie quer mesmo casar com ele.
Todos aqueles que desejavam que Nicholas Ray nunca voltasse os olhos para o cinema a cores, e principalmente para aquele género que era o mais saturado de todos, o Musical, tiveram aqui a sua resposta, e não foi muito boa. Ray vinha do sucesso de "Rebel Without a Cause", que lhe permitia, por vezes mesmo em apuros, prosseguir com os seus caprichos criativos sem oposição. E neste caso ele virou-se para um projecto sobre os Romani, mais popularmente conhecidos pelo termo depreciativo de ciganos, com a maior parte da pesquisa do material a ser filmado a ser da autoria da sua primeira esposa, Jean Evans, de quem ele se tinha divorciado em 1940. "Hot Blood" começava como uma espécie de etnografia, que também podia ser vista numa outra obra de Ray "The Lusty Men", sobre os cavaleiros dos ródeos.
Jane Russell era a razão deste filme existir. Desde "The Outlaw" (1943) que Russell era a deusa sexual pré-Marilyn Monroe, e "Hot Blood" era o seu quinto filme em apenas 13 meses. Já tinha gostado de trabalhar com Ray em "Macao", quando ele tomara o lugar de Sternberg depois deste ser despedido. Para ela este talvez fosse um bom filme. Para Wilde não muito, mas para Ray era definitivamente um mau filme. Ainda por cima estava ensanduichado entre dois dos melhores filmes do realizador, "Rebel Without a Cause" e "Bigger than Life". Já acontecera o mesmo com "Run For Cover", também produzido entre duas das maiores obras do realizador, acabando assim por não ter grande visibilidade.
Ray estava visivelmente cansado da produção de "Rebel Without a Cause", e nem ficou para a montagem final do filme. Ainda assim é uma curiosidade, que foi vista com outros olhos pela crítica francesa dos Cahiers do Cinema.

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