quinta-feira, 2 de junho de 2016

Tokyo Drifter (Tôkyô Nagaremono) 1966

Tetsuya "Phoenix Tetsu" Hondo é um implacável assassino de uma quadrilha da Yakuza que foi recentemente desativada quando Kurata, o chefe, resolveu aposentar-se. Otsuka, líder de uma quadrilha rival, tenta recrutar Tetsu para o seu lado, mas o assassino nega o convite. Assim, o chefe do crime resolve eliminá-lo.
Alguns filmes apenas têm para oferecer um estilo visual impressionante, mas no caso de Tokyo Drifter (1966), de Seijun Suzuki, isso é mais do que suficiente, e torna-se uma celebração de todo o potencial do cinema. Visto por estes olhos, o filme de gangsters como género torna-se um ponto de partida em que vale qualquer coisa, desde interromper a narrativa para um selvagem e desorientado número de discoteca, homenagear o Oeste americano numa briga de bar entre prostitutas e Yakuzas que combatem com marinheiros americanos. A história, que ziguezagueia da vida nocturna de Tóquio para as vistas rurais cobertas de neve (que pode parecer muito incompreensível numa primeira visão) segue um ex-condenado que tenta endireitar a vida, mas as probabilidades estão contra ele. Perseguido a cada passo por antigos membros de gangues, rivais nos negócios e policias, Tetsu segue o seu próprio código de honra, que o mantém em movimento, atirando os seus inimigos uns contra os outros, enquanto resgata Chiharu, a cantora de um clube noturno (interpretada pela pop star Chieko Matsubara).
Tal como o protagonista de "Tokyo Drifter", Suzuki era um "maverick" que seguiu o seu próprio caminho, mesmo a escrever por linhas tortas. De certa forma, o comportamento auto.destrutivo de Tetsu espelha a própria experiência do realizador na indústria cinematográfica japonesa, e é autobiográfica em espírito. Quando ele foi trabalhar para a Nikkatsu, no final dos anos 50, este estúdio era especializado em filmes de género, mas logo depois da chegada de Suzuki começaram a perceber que a maioria dos sucessos comerciais eram do género Yakuza, muitos deles realizados pelo próprio realizador. Em sete anos Suzuki realizou mais de 25 filmes até conseguir os elogios da crítica em "Youth of the Beast". Com o tempo o realizador cansou-se da Yakuza, e começou a puxar os seus filmes para os limites do género, experimentando em aparência e estilo. Começou a provocar o estúdio que lhe enviou um alerta depois do delírio que foi "Tokyo Drifter", mas Suzuki ignorou os seus avisos fazendo ainda mais dois filmes dentro desta linha, o segundo foi  "Branded to Kill" (1967).
"Tokyo Drifter" foi assim um filme pouco apreciado pelos críticos e cinéfilos na altura da sua estreia, mas com o tempo tornou-se num grande filme de culto, e hoje é apreciado como um dos mais importantes filmes japoneses da década de 60.

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