quarta-feira, 23 de março de 2016

O Maoísta (La Chinoise) 1967

Paris, Verão de 1967. Alguns tentavam aplicar os princípios que romperam com a burguesia da URSS e dos partidos comunistas ocidentais em nome de Mao Tse Tung... Imersos no pensamento de Mao e em literatura comunista, um grupo de estudantes franceses começa a questionar a sua posição no mundo e as possibilidades de o mudar, mesmo que isso signifique considerar o terrorisrmo como via possível.
"Para apreciar "La Chinoise" de Jean-Luc Godard, hoje em dia, é preciso colocá-lo no contexto da sua evolução artística da altura, que se estende por um longo período de tempo, mesmo antes das suas realizações, quando ele era um jovem crítico de uma publicação rebelde". Com a sua primeira longa-metragem, "À Bout de Souffle" (1960), Godard tinha saltado da crítica para realizador de cinema da Nouvelle Vague, um movimento iconoclasta que reflectia a turbulência cultural daquele período. Godard era a figura emblemática do grupo, inovador, provocador, e constantemente a desafiar o "status quo" da narração fílmica.
"La Chinoise" concentrava-se nas actividades de cinco estudantes radicais de esquerda, que lutam para esclarecer e avançar com os seus objectivos revolucionários. O título refere-se à divisão emergente que se registava na altura entre o marxismo-leninismo da Rússia e o e o maoismo chinês, acentuado pelo recente lançamento da revolução cultural chinesa. Os estudantes radicais deste filme preferem as noções extremistas da versão chinesa do comunismo. Assim, como Godard, estes revolucionários ficam descontentes com a narrativa comunista convencional, e procuram algo mais.
Os personagens principais são vagamente baseados numa história de Dostoiévski, "Os Possessos", embora a história acabe por vaguear para uma direcção completamente diferente. Agora, pode-se analisar "La Chinoise" para perceber até onde ela representa uma modernização do conto de Dostoiévski, mas o foco de Godard, é um pouco diferente, pois a sua visão é muito mais política do que o conto original.

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