quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Roleta Chinesa (Chinesisches Roulette) 1976

Os membros de um abastado casal despedem-se antes de irem passar o fim-de-semana fora. Tanto ele c
omo ela dizem ir fazer uma viagem de negócios ao estrangeiro, mas acabam por reencontrar-se inesperadamente na sua casa de campo, na companhia dos respectivos amantes. Foi a filha do casal, uma deficiente física de 12 anos, que organizou este encontro, por ódio ao jogo duplo de cada um dos pais.
Drama psicológico ou comédia negra: o que definirá melhor "Chinesisches Roulette"? Na verdade ambas as etiquetas servem bem a este filme, mas também muito mais. Elementos como o drama psicológico, comentário social, comédia de humor negro ou o drama minimalista estão muito presentes neste filme, mudando de um estilo para outro muito livremente, com Fassbinder a nunca ter um cuidado em nos mostrar para onde nos está a levar, porque sabe o seu destino.
A premissa aparentemente simples do filme, desdobra-se em camadas de complexidade, à medida que os motivos e as intenções dos personagens vêm à luz. O elenco, formado pelo grupo habitual de actores de Fassbinder, e ainda, Anna Karina, faz um óptimo trabalho na na criação do clima de tensão, em particular Margit Carstensen, como mãe vingativa que culpa a filha por lhe ter arruinado a vida, e também Andrea Schober, a astuta criança que manipula os adultos com um frenesim de ódio e amargura, que utiliza para os seus próprios fins.
É um filme muito negro, apesar da beleza da fotografia. Muda constantemente os pontos de vista na sua intenção de estabelecer "honestidade emocional", com todos os personagens principais a terem oportunidade de expressar o que lhes vai na alma. O tom geral do filme circula à volta da decepção, onde ninguém tem a verdade do seu lado. Dentro do seu estranho e sádico humor, aponta para um jogo disfarçado, onde as picadas dos outros são tão dolorosas como na vida real.

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