""Sorcerer" é dedicado ao diretor francês Henry-George Clouzot, que em 1953 realizou uma primeira versão, "O Salário do Medo", baseado no livro de Georges Arnaud. E que me perdoem os fãs deste último, que é um filmaço sem dúvida alguma, mas o trabalho de Friedkin neste remake é incrivelmente superior, provando que refilmagens de verdadeiros clássicos consagrados podem dar certo. Mas também não precisam exagerar como se faz atualmente em uma quantidade absurda de remakes que param nas mãos de vários diretorzinhos medíocres sem personalidade alguma.
Aqui é outro caso. William Friedkin já tinha no currículo "Os Incorruptíveis Contra a Droga" e "O Exorcista", duas obras da maior importância em seus respectivos géneros, além de possuir um talento único na direção e na concepção de suas idéias. Mesmo assim, são várias as histórias de bastidores sobre as dificuldades de levar "Sorcerer" às telas de cinema; desde os problemas em arranjar dinheiro para a produção, as filmagens no local (que colocou em risco a vida da equipe em várias situações), um furacão que atrasou o trabalho e até mesmo na escolha do elenco. De todos os atores principais, apenas um desconhecido, chamado Amidou, foi a primeira escolha de Friedkin. Steve Mcqueen, Clint Eastwood e Jack Nicholson foram cotados para viver o protagonista. Todos recusaram por algum motivo. Acabou mesmo com o Roy Scheider, que já havia trabalhado com o diretor em "French Connection".
A trama principal é basicamente a mesma de "O Salário do Medo", apenas muda a contextualização histórica, sobre um grupo de homens que tem a missão de transportar uma carga de dinamites velhas (com vazamento de nitroglicerina correndo o risco de explodir a qualquer movimento brusco; no caso do filme francês, era apenas a nitroglicerina liquida mesmo) em caminhões caindo aos pedaços, pelas florestas de um país tropical. Diferente do original também, Friedkin enriquece o seu filme ao aprofundar-se nos personagens, mostrando os motivos que os levaram a estar naquele vilarejo no fim de mundo, o que toma quase a metade do filme, mas não se preocupem, porque Friedkin nunca deixa que a narrativa perca sua força. É apenas uma preparação perfeita para a outra metade, a missão suicida que deixa o espectador tenso, vendo a avó pela greta.
O poder visual do filme sob a batuta da direção crua de Friedkin talvez seja o ponto mais significativo do filme, sempre tratando os eventos e a ambientação de miséria e violência com um realismo impressionante, com uma linguagem quase documental. A cena em que o comboio atravessa uma ponte completamente instável é um verdadeiro espetáculo cinematográfico, de colocar o publico de joelhos! Uma pena que "Sorcerer" tenha sido um fracasso de bilheteria. Mas é um filmaço altamente recomendável." Ronald Perrone
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Link quebrado, amigo!
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