segunda-feira, 16 de março de 2015

The Land (Al Ard) 1969

Numa aldeia egípcia dos anos 30 os camponeses são informados pelo governo que podem irrigar as suas plantações por apenas 5 dias, em vez dos 10 habituais. Tentam apelar ao primeiro ministro mas o homem que escolhem como seu representante é um fantoche nas mãos do poderoso Mahmoud Bey. Este tem o líder da aldeia no bolso, e a mudança na programação da irrigação faz apenas parte de um esquema para roubar as terras dos camponeses e construir uma estrada para o palácio. Os camponeses lutam para satisfazer as suas necessidades mais básicas, contra o governo corrupto, contra a selvajaria da polícia, e lutam entre si...
Chahine adapta um famoso romance de Sharqawi intitulado "The Land", num filme que nos trás uma sensação épica, apesar de ter pouco mais de duas horas de duração. Repleto de personagens importantes, é um pouco dificil seguir apenas uma, porque há um monte de gente a acompanhar. Abu Swelem (Mahmoud El-Meliguy) é quem se adiante como líder. A sua bela filha Wasifa (Nagwa Ibrahim) quer partir para a grande cidade do Cairo, para lutar ao lado dos homens. Um dos seus principais pretendentes é Abd El-Hadi (Ezzat El Alaili), um homem feroz com princípios guerreiros. Outro pretendente é Mohammad Effendi (Hamdy Ahmed), um homem educado mas fraco. Há pelo menos mais meia dúzia de personagens importantes, que têm participação activa nos eventos que se desdobram, incluindo um jovem que começa por parecer uma figura chave no filme, mas que lentamente vai desaparecendo da tela. Para aumentar a confusão há dois Sheiks diferentes, um que parece ser pacífico mas numa última análise corruptível, e outro que é um bastardo desde o início.
O espírito de revolução contra as forças corruptoras recorda outros filmes fulcrais da década de sessenta, como "Salvatore Giuliano" ou "O Exército das Sombras", ou ainda qualquer clássico de propaganda soviética. Quem faz o trabalho sujo com as suas próprias mãos na terra, são mostrados como sendo os mais puros de espírito. Mas, embora haja um pouco de didática no filme, as caracterizações das personagens não são inteiramente preto e branco, e o poder do povo nem sempre é suficiente.
A fotografia também é muito forte, com grande parte dos movimentos de câmera usados em "Cairo Station". Não tem o tom "noir" desse filme, mas em vez disso utiliza cores garridas para criar imagens impressionantes. Concorreu para a Palma de Ouro de 1970.

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