segunda-feira, 23 de março de 2015

Peplum

O termo Peplum, por vezes também chamado de Sword and Sandal, é um expressão que vem do latim, e era também o robe utilizado pela personagem de Hércules usava por cima do ombro. É um termo também aplicado a uma série de filmes que surgiram nos anos 50, com homens musculosos, depois do sucesso de Hercules, de 1958. No entanto, tal como a maioria das expressões de culto europeias, tornou-se confuso, e demasiado usado ao longo dos anos.
Vamos classificar como Peplum uma variante do Sword and Sandal, mais especificamente os filmes rodados na Europa, na sua grande maioria em Itália. O "peplum" era um cruzamento dos filmes de homens musculados com os épicos históricos de aventuras, passados em cenários clássicos, que vinham desde o antigo Egipto até perto do ano 700 AC. O Peplum não deve ser confundido com o posterior sub-género "sword and sorcery", do qual faz parte o famoso "Conan, the Barbarian" (1982).
Já desde os primeiros tempos que o cinema italiano se dedicava a fantásticos épicos de aventuras, basta lembrar os clássicos mudos Quo Vadis (1912), The Last Days of Pompeii (1913), ou Cabiria (1914). Este último ficou famoso por introduzir a personagem de Maciste, um herói nos molde de Hércules, interpretado pelo actor Batolomeu Pagano, que nos anos seguintes, em plena era do cinema mudo, interpretaria a mesma personagem mais 25 vezes. Este género acabaria por desaparecer no rescaldo da Primeira Guerra Mundial. A segunda guerra mundial ainda fez mais danos à indústria italiana, mas o género lentamente começava a ressurgir. Em 1950 surgia uma nova versão de "The Last Days of Pompeii, seguido, em 1953, por "Sins of Rome", realizado por Riccardo Freda.
Mas o mais influente filme deste género, acabaria por ser uma obra feita com um orçamento muito pequeno: Fatiche de Ercole (1958). Uma nova versão do conto clássico dos Argonautas, realizado cinco anos antes da famosa versão americana, com o culturista americano Steve Reeves a interpretar a personagem do mesmo nome. Rapidamente se seguiu uma sequela, "Ercole e la regina di Lidia", com Reeves a voltar ao papel anterior. Estes dois filmes foram um sucesso em Itália, e, mais importante, foram um sucesso na América, onde os direitos tinham sido comprados por Joseph E. Levine, que anteriormente já tinha comprado os direitos de Godzilla (1954). Graças a uma promoção agressiva, o filme colocou-se ao lado dos maiores sucessos do ano americanos, e foi implementou o boom do falado cinema de género italiano, que começou aqui.
Nos seis anos seguintes a indústria italiana produziu quase 100 peplums, de todas as formas e feitios, até o género começar a desaparecer, em meados da década de 60, em parte por causa da repetição dos filmes, que já começam a ser cada vez mais idiotas, da diminuição dos orçamentos, e também por causa do aparecimento do spaghetti western, que começava a conquistar as audiências do Peplum. O spaghetti foi mesmo a sentença de morte para o peplum, já que a maioria dos seus mais famosos realizadores mudavam-se de um género para o outro, levando atrás de si toda uma indústria de sucesso. Entre os muitos realizadores italianos que passaram pelo Peplum contam-se Sérgio Leone, Sérgio Corbucci, Mario Bava, Riccardo Freda, entre muitos outros.
Este ciclo não pretende fazer um best of dos peplums, mas sim mostrar uma pequena amostra do que estes filmes eram. Esperemos que gostem do ciclo.

Terça: Le Fatiche di Ercole (1958), de Pietro Francisci

Quarta: Ercole Alla Conquista di Atlantide (1961), Vittorio Cottafavi

Quinta: Colossus of Rhodes (1961), Sérgio Leone

Sexta: Ercole al Centro della Terra (1961), Mário Bava

Sábado: Maciste All'inferno (1962), de Riccardo Freda

Esperemos que gostem do ciclo. Até amanhã.

1 comentário:

  1. O grande ícone do "Peplum" é sem dúvida Steve Reeves. Com estes filmes tornou-se numa das maiores vedetas na Itália e na Europa e como é costume muitos outros americanos "com cabedal" tentaram imitá-lo à exaustão e aí surgiram nomes como Reg Park, Gordon Scott, Dan Vadis, Ed Fury...

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