terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Os Abismos da Meia-Noite (Os Abismos da Meia-Noite) 1984
Irene, agente de uma companhia de seguros, é encarregada de investigar o desaparecimento de um velho bibliotecário, numa cidade de província. No decurso das suas averiguações, trava conhecimento com Ricardo, professor de história, que conhecia a vítima e se interessa pelas tradições lendárias da região. Assim, Irene tem conhecimento do antiquíssimo castelo medieval - cuja entrada secreta se abre, misteriosamente, na noite de Natal, durante as 12 badaladas da meia-noite.
Os filmes de António de Macedo - e de uma maneira muito particular, Os Abismos da Meia-Noite - apresentam um notável rigor e eficácia ao nível da imagem e do som. Para a criação de um mundo bizarro e expectante - cujos habitantes estão suspensos de nova fecundação siderial, sendo surpreendidos pela chegada de terrestes impuros e intrusos - Macedo fez construír no estúdio da Tóbis Portuguesa um insólito cenário, ora luxuriante ora metalizado, concebido por Antonio Casimiro, e propício a invocar uma atmosfera sobrenatural, com recursos aos efeitos especiais e trucagens ópticas nunca antes tentadas entre nós... Destaca-se igualmente a elaborada sonoplastia - proporcionando ao registo musical e de ruídos virtualidades que ultrapassam o estrito sublinhar da acção, para adquirir uma específica intencionalidade dramática.
António de Macedo teve sucessos de bilheteira - recorde-se A Promessa (1972) ou Os Abismos da Meia-Noite (1983) - e muitas vezes foi mal visto por isso mesmo. Igual argumento emprega, aliás, António-Pedro Vasconcelos para criticar a falta de oportunidades que teve na sua carreira pós-O Lugar do Morto (1984). No entanto, o rigor que António de Macedo sempre manifestou no tratamento estético dos seus filmes e a riqueza e diversidade dos mesmos fazem com que seja quase um acto criminoso.
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