sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
O Jardim Onde Vivemos (Il Giardino dei Finzi Contini) 1971
"O Jardim Onde Vivemos", uma das últimas obras de lendário Vittorio De Sica, foi uma sensação internacional durante o lançamento original em 1971. Vencedor do Oscar para Melhor Filme Estrangeiro e dezenas de outros prémios, Finzi Contini foi reconhecido como um dos mais importantes filmes do início dos anos 70.
Finzi Contini, uma história sobre anti-semitismo com um toque diferente, começa em Ferrara, Itália, durante o ano de 1938. A marca de Mussolini do fascismo já tém o país em aperto firme, e as sanções contra os judeus estão a aumentar. Embora muitos acreditem que os excessos anti-semitas da Alemanha nazi não se repetirão em Itália, a liberdade judaica está a ser sistematicamente reduzida a tal ponto que muitos não os consideram melhores do que "cidadãos do terceiro mundo". Uma recente declaração torna ilegal para os judeus a casarem-se com não-judeus, frequentar escolas públicas, ter uma lista telefónica, entrar nas forças armadas, ou contratar funcionários arianos.
Os Finzi-Continis são uma poderosa e rica família judia que vive uma existência enclausurada numa propriedade palaciana, em Ferrara. São de longe as pessoas mais influentes na região, e, pelo menos durante algum tempo, a sua posição mantém-se relativamente a salvo da crescente onda de preconceitos. Micol (Dominique Sanda) e Antonio (Helmut Berger), os dois filhos adultos Finzi Contini, fazem festas de jogar Ténis para os amigos judeus, os quais foram expulsos do clube de ténis local. Um dos visitantes mais frequentes para estas partidas é Giorgio Bassani (Lino Capolicchio), um amigo de classe média da família. Mas, enquanto Giorgio gosta de todos os Finzi-Continis, ele tem um lugar especial no seu coração para Mico. Infelizmente para ele, o seu amor não é correspondido.
Um filme lírico, quase poético, ilustra a falsa crença mantida por alguns judeus privilegiados que, se se isolarem do terrível clima político poderiam ser poupados aos seus estragos. Fechando os olhos não faz frente à ameaça menos imediata - uma lição que o mundo inteiro aprenderia durante a Segunda Guerra Mundial.
Desde o início fica claro que os sentimentos de Micol para com Giorgio não são tão superficiais como ela por vezes finge. Mas ela teceu uma teia de negação em torno de si própria. Para ela, o futuro, representado pelo mundo fora da propriedade, é cheio de perigos e incertezas, e ela rejeita-o. No entanto, o passado, como simbolizado pelas terras dentro das paredes do jardim, continua a ser uma avenida de paz e segurança. Mico mantém uma relação com Giorgio porque ele relembra-a memórias de infância, para vê-lo como um amante exigiria abandonar o passado para o futuro, que ela não está disposta a fazer. Então, fica dentro da propriedade, escondendo a realidade e confundindo Giorgio com a rejeição dos seus avanços.
A mensagem mais clara entregue por "Il giardino dei Finzi Contini" é que, não importa o quão importante seja a riqueza, o prestígio e a educação, eles não são a defesa contra o fanatismo irracional. Apesar de De Sica não ser fascista, viveu em Itália durante este período e queria fazer um filme "fora de consciência". E, enquanto este não é um dos contos mais violentos sobre o Holocausto, é um dos mais incomuns, e destaca uma outra faceta de uma tragédia monumental que apresenta uma infinidade de rostos e pontos de vista.
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