segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Manhã Submersa (Manhã Submersa) 1980



A adaptação ao grande ecrã do romance de Vergílio Ferreira, pela mão do realizador Lauro António, representa uma das grandes obras do cinema português e faz este ano, 30 anos da sua estreia no cinema quarteto, a 1980.
“Muitos são chamados mas poucos são os escolhidos…” começo com esta frase emblemática, que atravessa todo o filme, para vos falar de António Santos Lopes (Joaquim Manuel Dias), um menino de 12 anos, cuja família pobre, não pôde sustentar, e que, sua tutora D. Estefânia (Eunice Muñoz), enviou interno para o Seminário de sacerdócio. Mas a vida de sacrifício do sacerdócio só cabe aos que têm vocação e António vê-se pressionado entre voltar para a família, condenado a uma vida de pobreza e entre essa vocação incerta que não o alegra. Excelente trabalho de direcção de actores e de interpretação das crianças, e principalmente, do trabalho de voz do personagem principal, António, cujo tom e sotaque beirão, o caracterizam em ingenuidade, bondade e naivité, e cujo argumento aprofunda, contrastando com a interpretação marcada pela timidez socialmente imposta, do personagem.
Filme que prima por um estilo de realização clássico e pela composição geométrica e simétrica da imagem, do cenário e da acção, por um interessante trabalho de iluminação, com forte influencia da pintura na construção de quadros imagéticos e do ambiente frio e ditatorial que retrata a vida no sacerdócio.

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