quinta-feira, 29 de abril de 2021

Filhas, Filhas, Só Filhas (Abu el Banat) 1973

Um homem com oito filhas, e sem esperança de arranjar um herdeiro, arranja uma amante para consolar-se. Depois consulta um mágico que lhe dá uma lista de instruções sobre como fazer um filho. Depressa a sua esposa estará grávida novamente.
"Abu el Banat" é um filme israelita em hebraico realizado pelo mesmo homem, Moshé Mizrahi, que nos deu os adoráveis  "I Love You, Rose" e "The House on Chelouche Street". O tema central reflecte a cultura dominada pelo homem do médio oriente, mas qualquer um pode simpatizar com Shabtai, o protagonista, proprietário que tem uma casa grande e oito filhas, mas quer um filho. Passa por todas as consultas e rituais concebíveis, muitos deles superstições ridículas, para garantir que o seu próximo filho seja um rapaz. 
Uma comédia de costumes israelita de um realizador que apesar de ser jovem, e de ir apenas no seu quinto filme, já tinha uma carreira internacional muito interessante. "The House in Chelouche Street" já tinha concorrido numa edição anterior do Festival de Cannes, e tinha sido nomeado para o Óscar de melhor filme em língua estrangeira, exactamente o mesmo que tinha alcançado "I Love You, Rose". Com este filme Mizrahi concorria pela terceira vez consecutiva na seleção oficial.
Legendas em inglês.

terça-feira, 27 de abril de 2021

Brevemente:


Filmes Poibidos: a história dos filmes banidos na América

Os Violinos do Baile (Les Violons du Bal) 1974

A história de um realizador que tenta, em vão, há quase vinte anos fazer um filme autobiográfico: os acontecimentos da sua infância, as lembranças da juventude, as lembranças surreais, fundem-se com a vida presente.
Memórias pessoais da França sob a ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, o realizador Michael Drach, encantadoramente interpretado pelo seu filho David, não era, no entanto, nenhum Lucien Lacombe, pronto para lutar com o conquistador, mas sim um rapaz judeu de olhos arregalados que apesar de se ter escondido com a família de um camponês astuto e traiçoeiro, foi abençoado com uma mãe que o ajudou a sobreviver à guerra com a sua natureza confiante ainda intacta.
"Les Violons du Bal" compreende episódios da fuga de Michael para a Suiça, intercaladas com cenas semi-humoristicas do ainda confiante Drach (interpretado em adulto por Trintignant) a tentar financiar o seu próprio filme. Foi o filme que representou a França nesta edição do Festival de Cannes. Legendas em inglês.

domingo, 25 de abril de 2021

Mahler, Delírio Fantástico (Mahler) 1974

Durante uma viagem de comboio para Viena, o compositor Gustav Mahler e a sua esposa Alma falam sobre os motivos que levam o seu casamento a falhar. A conversa evoca memórias do passado de Mahler, contando a sua história através de uma flutuação entre o passado e presente.
O nome de Ken Russell continua a ser um sinónimo de excesso, e poucos que já viram filmes como "The Devils", "Tommy" ou "Crimes of Passion" dificilmente conseguirão argumentar do contrário. Mas o desejo de chocar o público era apenas parte do seu repertório, e as habilidades que ele desenvolveu como cineasta para a série de documentários Omnibus da BBC são exemplificadas por este filme biográfico atípico sobre o compositor Gustav Mahler. Interpretado de forma severa por Robert Powell, a vida do compositor é explorada numa estrutura de flashbacks, com ênfase na religião e família. Há também um forte sentido pictórico das paisagens. Russell frequentemente reclamava da falta de filmes britânicos no campo, e o Lake District onde é filmada parte da acção, é um cenário pitoresco.
Há um pequeno cameo de Oliver Reed, e há uma sequência de sonho anacrónica com nazis, mas Russell mantém o controle, e oferece-nos uma imagem austera e digna do génio musical,  desprovido de qualquer sensacionalismo porque Russell era regularmente criticado. Quase ninguém viu o filme quando estreou nas salas, mas teve honras de passar em Cannes, e concorrer para o prémio principal.

sábado, 24 de abril de 2021

Os Outros (Les Autres) 1974

Spinoza tenta descobrir porque o filho cometeu suicídio. Através de uns escritos que ele deixou para trás descobre a namorada do filho, e o rival pelos afectos da rapariga. À medida que vai conhecendo a jovem tornam-se amantes, e quando a jovem aparece assassinada ele é o principal suspeito.
Uma estranha experiência fílmica nos espera com a visão de "Les Autres", desde o inicio. O realizador Hugo Santiago, assim como nas peças musicais líricas, inicia o seu filme com uma "abertura", ou seja, mostra o tema e as personagens que estarão na película. A suposta "abertura", é, na verdade, uma mistura de bastidores, cenas não incluídas no filme, e imagens caseiras do realizador com os seus dois assistentes, e os dois ilustres argumentistas, Adolfo Bioy Casares e Jorge Luis Borges,  Borges era conhecido por ser o fundador da Escola Latina Americana de literatura, também conhecida por "realismo mágico". Essas cenas eram filmadas num celuloide luminoso, que o realizou planeou para serem mostradas ainda com as luzes do cinema acessas, e assim foi mostrado no Festival de Cannes, atraindo a ira de alguns criticos e a incondicionalidade de outros.
Hugo Santiago nasceu na Argentina, mas aos 20 anos veio para França, onde estudou Literatura, Filosofia e Música. Além de coreógrafo foi também assistente de Robert Bresson, por exemplo em "O Processo de Joana D'Arc". "Les Autres" era o seu segundo filme, que teve honras de competição em Cannes. Já o primeiro, "Invasión", tinha ganho uma menção especial em Locarno.
Legendas em inglês.


quinta-feira, 22 de abril de 2021

Part-time Work of a Domestic Slave (Gelegenheitsarbeit einer Sklavin) 1973

 Conhecido internacionalmente como "Part-time Work of a Domestic Slave", este file de Alexander Kluge investiga o quanto difícil é entender o complexo funcionamento da política e da sociedade, e fazer a diferença, quando a sociedade e as suas estruturas são projectadas  para devorar tanto tempo e energia das pessoas. O título do filme, em si, implica muito: Roswitha (Alexandra Kluge, irmã do realizador) é a "escrava doméstica" uma dona de casa que divide o seu tempo entre cuidar dos seus três filhos e o marido verbalmente abusivo, e trabalhar para cuidar deles, deixando pouco tempo para pensamentos ou preocupações fora do ambiente familiar. 
O filme está dividido em duas partes: na primeira a protagonista trabalha como parteira clandestina, já que o marido não tem emprego, e é preciso sustentar a família. Na segunda parte, depois do consultório de Roswitha ser encerrado, e o marido ser obrigado a arranjar emprego, ela envolve-se em questões sociais e políticas, tentando aprender mais sobre o mundo fora das suas quatro paredes. O seu tempo parcial muda, assim, ao longo do filme, da necessidade de conseguir as necessidades físicas e materiais para a sua família, para a liberdade e tempo para desenvolver os seus próprios pensamentos e ideias independentemente da família. 
Alexander Kluge, um dos signatários do chamado Manifesto de Oberhausen, onde foram postuladas as bases para o chamado Novo Cinema Alemão, declara aqui as suas preocupações sociais, próximas ao comunismo, e realiza um dos seus filmes mais marcantes. Por vezes perto do documentário, com características formais muito pessoais: câmara nervosa, narração em off, inserção de desenhos, montagem abrupta, uso de legendas, preto e branco, para se ir transformando num filme um pouco pretencioso, denso e cinzento. 
Em Cannes foi exibido na Quinzena dos Realizadores, e tem legendas em inglês.

Imdb   

terça-feira, 20 de abril de 2021

Os Cavaleiros do Asfalto (Mean Streets) 1973

Little Italy, cidade de Nova York. Charlie (Harvey Keitel) trabalha ao lado do tio, um mafioso respeitado, coletando pagamentos e realizando cobranças. Enfrenta o descontentamento da sua família, devido à relação que mantém com Teresa (Amy Robinson). Charlie, na verdade, não nasceu para o crime e deseja iniciar uma vida nova ao lado da namorada. Só que Johnny Boy (Robert De Niro), o seu melhor amigo, mete-o numa enrascada quando se recusa a pagar uma dívida de jogo.
O filme que trouxe para a ribalta Martin Scorsese. Um dos seus temas principais era que pagar pelos seus pecados não era no confessionário, era nas ruas. Enquanto que Francis F. Coppola transformaria o mundo dos mafiosos com os seus dois filmes da série "O Padrinho", Scorsese concentrava-se nos criminosos menores, com os que podiamos encontrar na nossa vizinhança, que atravessavam uma  linha ténue entre ser respeitáveis e fazer um dinheiro extra pelas vias menos legais.
Crú, apaixonante e agressivo. Não era o primeiro filme de Scorsese, mas foi o primeiro em que ele teve rédea solta para trabalhar, com dinheiro suficiente, e também a primeira vez que trabalhava com aquele que viria a ser o seu actor preferido, Robert de Niro. Mas aqui, Keitel é Scorsese no ecrã, um jovem italo -americano que luta com responsabilidade por uma vida melhor. 
Exibido na secção Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes de 1974. era um filme muito importante para a nova geração de realizadores americanos. 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

 Vou ficar uns dias fora, volto aqui ao blog na próxima segunda-feira. 

Até já.

quarta-feira, 14 de abril de 2021

O Medo Come a Alma (Angst essen Seele auf) 1974

Um romance quase acidental entre uma mulher alemã na casa dos seus sessenta anos, e um jovem emigrante marroquino, cerca de 25 anos mais novo.Abruptamente decidem casar-se, chocando todos à sua volta. 
"O Medo Come a Alma", é a obra prima humanista de Fassbinder, um dos filmes que definiu o Novo Cinema Alemão de meados dos anos 70. É tanto uma descrição incisiva dos conflitos sociais e raciais que predominavam no pós-guerra da Alemanha, como uma extraordinária história de amor, uma das mais mordazes e significativas alguma vez levadas ao grande ecrã. É considerado por muita gente como o ponto mais alto da carreira do realizador. Por certo será também um dos seus mais acessíveis. 
Foi entre a produção de dois filmes que Fassbinder teve um período de quatro semanas, que aproveitou para escrever e rodar este filme. O que começou por ser um exercício de técnica de realização, tornou-se num dos mais pessoais e inspirados filmes. Também foi o mais flagrante tributo a Douglas Sirk, o realizador americano que ele mais admirava, e que teve um grande impacto na sua carreira. As semelhanças entre este filme e "All that Heaven Hallows" (1955) são por demais evidentes. Ambos os filmes envolvem dois indivíduos solitários de áreas sociais bastante distintas, que são rejeitados pelas suas comunidades ao embarcarem num romance apaixonante. Tal como Sirk antes, e Fassbinder depois, é usado o melodrama popular como forma de crítica à sociedade contemporânea. Onde Sirk estava preocupado com o vício da classe e burguesia no materialismo, Fassbinder preocupou-se em analisar o problema da intolerância racial, um dos grandes taboos do seu tempo. 
O facto de Fassbinder ter demorado tão pouco tempo a produzir este filme, pode ser a razão porque ele é uma peça de cinema tão importante. Foi feito com o coração, e não o intelecto. Sem o tom político pesado de outras obras mais elaboradas do realizador, "O Medo Come a Alma" tem uma qualidade crua e visceral, superficialmente muito simples, mas muito complexa se olharmos para lá da superfície. 
Fez parte da Selecção Oficial do festival deste ano.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Lancelote do Lago (Lancelot du Lac) 1974

O caso de amor entre a rainha da Inglaterra, Guinevere (Laura Duke Condominas) e o mais importante cavaleiro do rei Arthur (Vladimir Antolek-Oresek), Lancelot (Luc Simon). O dilema do casal proibido que vive uma relação de traição e a conspiração que os cerca.
A narrativa elíptica também é uma abordagem típica de Robert Bresson, mas parece particularmente pronunciada em "Lancelot du Lac", talvez porque Bresson presumiu que a lenda do rei Artur era amplamente conhecida. Bresson também elemina muito do heroísmo, acção, violência, e ambiente grandioso do conto tradicional, convertendo uma história épica num filme modesto e restrito, com personagens cansados a lutarem para manter os seus ideais cavalheirescos, apesar dos desejos urgentes dos seus corações. 
Bresson utiliza um estilo minimalista, o seu ênfase está no fim de Camelot e na morte que o acompanha, e depende quase totalmente do seu estilo para fazer transmitir a mensagem. Tal como as obras anteriores do realizador, o elenco é formado na sua maioria por actores amadores. É um filme imperdível, injustamente deixado de fora da secção competitiva, mas foi exibido em Cannes numa sessão extra competição.

domingo, 11 de abril de 2021

As Nove Vidas do Gato Fritz (The Nine Lives of Fritz the Cat) 1974

O gato Fritz, agora casado e com um filho, está desesperado para escapar do inferno doméstico em que se encontra. Depois de acender um cigarro de erva, começa a sonhar com as suas outras oito vidas, na esperança de encontrar uma que lhe proporcione uma distração agradável. As viagens que ele faz induzidas pela droga incluem: feitiços como astronauta, psiquiatra de Hitler, um mensageiro a viajar em território hostil durante uma guerra racial, e um aluno de um guru indiano que vive nos esgotos de Nova Iorque.
Fritz the Cat foi criado por Robert Crumb, que não foi creditado nesta sequela de um filme que ele odiava, realizado em 1972 por Ralph Bakshi. Este filme de Robert Taylor é muito mais obscuro do que o primeiro, e não foi realizado pelo mesmo realizador porque Bakshi quis seguir por um projecto diferente, e Taylor escreveu o filme com Fred Halliday e Eric Monte, aproveitando o sucesso do primeiro. Se o filme de Bakshi era uma viagem aos anos 60, esta sequela era outra viagem, mas aos anos setenta. 
O primeiro filme era já um filme de culto, e uma vez que a sequela era produzida pelos mesmos produtores do primeiro, teve até honras de ser exibido em Cannes, na Seleção Oficial do festival. Gostos à parte, até se percebe a ira de Robert Bresson, pelo seu "Lancelot du Lac" ter ficado de fora da competição. Mesmo assim, não deixa de ser um filme curiso, e aqui está.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Asfalto Quente (The Sugarland Express) 1974

Uma mulher procura reunir a família e ajuda o marido a fugir da prisão, para que juntos possam ir até Sugarland na intenção de recuperar o filho, que foi adoptado por um casal local. A fuga de ambos provoca uma caçada policial sem precedentes na história do Texas.
Este típico filme de perseguição policial dos anos 70, é hoje talvez mais conhecido por ter sido o primeiro filme de Steven Spielberg a estrear nas salas de cinema, tendo recebido grandes elogios para o trabalho deste como realizador, como para o argumento, da autoria de Hal Barwood e Mathew Robbins, dois nomes que ficariam ligados ao universo do realizador. No entanto, e ao contrários de outros filmes posteriores, as boas críticas não se traduziram em sucesso financeiro, talvez porque este tipo de filme inspirado por "Bonnie & Clyde" já estava um pouco saturado no mercado. Por exemplo, "Badlands", de Terrence Mallick, do ano anterior, também fez maus resultados nas bilheteiras.
Muitas das futuras marcas registadas de Steven Spielberg podem já ser encontradas aqui, desde o pleno uso do processo Penaflex, pelo director de fotografia Vilmos Zsigmond, os shots de rastreamento entre poersonagens e veículos, a dinâmica da família disfuncional, e também seria o primeiro filme de Spielberg, entre muitos, a contar com a banda sonora de John Williams, um casamento que daria lugar a alguns dos filmes mais famosos de todos os tempos. 
Spielberg já tinha feito um filme de perseguições de carro para a televisão, "Duel", mas este seria o primeiro, de facto, a estrear nas salas. E teve logo honras de estreia em Cannes, fazendo parte da seleção oficial.

terça-feira, 6 de abril de 2021

Symptoms (Symptoms) 1974

As melhores amigas  Helen (Angela Pleasence) e Anne (Lorna Heilbron) fazem uma pausa na isolada mansão da campo da primeira, que fica situada no meio de uma floresta ao lado de um lago isolado. Não há quase ninguém nas redondezas e estão bastante longe da aldeia mais próxima, e essa é a paz e tranquilidade que Helen precisa porque tem uma história altamente tensa, e recentemente sentiu-se atraída por uma amizade que acabou mal. Mas, na verdade, nada neste lugar é o que parece, nem sequer a amiga...
Realizado pelo espanhol José Ramón Larraz. que no inicio da década de setenta fez quatro filmes em Inglaterra, todos eles criando uma atmosfera opressiva. Este foi um deles, e conseguiu ser uma das duas submissões do Reino Unido para o Festival de Cannes de 1971. Pouco tempo depois da sua estreia o filme desapareceu do mapa, e andou desaparecido durante vários anos, entrando para a lista dos filmes mais procurados pelo Britsh Film Institute. Mais tarde o negativo original foi encontrado, e posteriormente o filme restaurado.
"Symptons" era uma obra que lidava mais com a atmosfera do que com o sexo e a violência com que Larraz era então conhecido, muito perto do cinema de Roman Polanski e de Nicolas Roeg em alguns filmes. O elenco era um dos pontos mais fortes, com especial destaque para Angela Pleasence, filha de Donald Pleasence, que traz uma fragilidade muito importante para a sua personagem, e Peter Vaugh, o estereotipo assustador que rouba algumas das cenas mais importantes. 
"Symptoms" foi uma surpresa ter aparecido na seleção oficial de Cannes, mas uma boa surpresa.

domingo, 4 de abril de 2021

A Noite do Espantalho (A Noite do Espantalho) 1974

Em Nova Jerusalém, no sertão nordestino, quem manda é o Coronel Fragoso, dono de grande parte das terras, acreditando ser também dono dos nordestinos da região, oprimindo-os ao seu bel prazer. Nesse cenário violento onde o poder que fala mais alto é o poder da bala, o vaqueiro Zé Tulão e o jagunço Zé do Cão - braço direito do Coronel - disputarão o amor da mesma mulher. 
"Uma estética alegórical mesclando psicodelia e simbolismo regional nordestino. Um filme raro da cultura alternativa do Brasil dos anos 70, com o áudio-visuoal altamente "avant-garde", filmado integralmente no maior cenário a céu aberto do mundo no interior de Pernambuco onde se realiza anualmente o espetáculo: "Paixão de Cristo". "
Na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes foram exibidos quatro filmes brasileiros, um deles este "A Noite do Espantalho", realizado por Sérgio Ricardo, que acumulou também o argumento e ainda compôs a banda sonora, que ficou bastante conhecida.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Himiko (Himiko) 1974

A deusa do sol responsável pela fundação do Japão é vista como a conivente Himiko, que governa uma pequena porção de ilhas japonesas durante o século III através da sua influência sobre diversos homens poderosos. Médium, xamã e adoradora do deus do sol, Himiko vê tanto os seus poderes espirituais como os de persuasão abandonarem-na com a chegada do meio-irmão, um forasteiro adepto do culto dos deuses da terra, e o despertar de um amor incestuoso.
"Himiko" conta uma antiga lenda japonesa de uma raínha Xamã. Uma história atemporal e universal, mas o mundo de Himiko é um mundo muito particular, no qual os deuses do sol e da terra controlam directamente a vida das pessoas. O espectador é puxado para o passado, pela bela floresta intocada e paisagens montanhosas, os costumes e rituais das pessoas, e mais intensamente pelas intensidade das interpretações - principalmente da protagonista Shima Iwashita. 
Realizado pelo japonês Masahiro Shinoda, que já três anos atrás tinha visto um filme seu ser exibido em Cannes, "Silêncio", vê agora um novo trabalho seu concorrer para o principal prémio deste festival. Um belíssimo trabalho de art-house.

O próximo ciclo já tem nome:


Filmes Proibidos: A história dos filmes banidos na América

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Todos Somos Ladrões (Thieves Like Us) 1974

Três ladrões condenados por roubarem bancos no interior do Mississippi fogem da prisão e deixam a cidade sob alerta. Eles não tem tempo a perder e tem que tomar muito cuidado, mas o envolvimento repentino entre um dos fugitivos e uma jovem rica deixar pôr tudo a perder.
Tal como "McCabe & Mrs. Miller" (1971), "Thieves Like Us" mostra Robert Altman a deitar um olhar revisionista ao passado da América. Tal como no filme anterior, também este é ritmicamente lírico, visualmente bonito, mas impiedoso no seu retrato aos desajustados e aos perdedores do lado errado da lei. Altman evoca perfeitamente o ritmo lânguido e a beleza nebulosa e decadente do "deep south". Embora o filme tenha alguns paralelos com "Bonnie & Clyde" e "They Live by Night", de Nicholas Ray, baseado no mesmo romance, Altman encontra uma poesia e tragédia distintas nesta história, e o filme permanece na história muito tempo depois do filme acabar.
Keith Carradine e Shelley Duvall são a dupla central do filme, tanto um como outro já vinham de filmes anteriores do realizador. Duvall era vendedora de cosméticos quando foi descoberta por Altman, e desde então fizeram vários filmes juntos. "Thieves Like Us" fez parte da seleção oficial do festival de Cannes de 1974. Altman já tinha ganho uma vez o festival, com "M.A.S.H.".