"Na pequena cidade de Thiers, no sudoeste da França, está-se no último mês de aulas de duas turmas de uma escola elementar. Com a chegada das férias grandes vamos conhecer melhor alguns daqueles garotos, sobretudo dois: Patrick e Julien. Patrick vive com o seu pai, inválido, e a sua vida está longe de ser emocionante. Aliás, vive no constante desejo de ter o seu primeiro caso de amor e, por fim, lá consegue o seu primeiro beijo. Julien, ao contrário dos seus colegas de escola, vive numa casa miserável e a sua mãe, uma mulher tenebrosa e alcoólica, bate-lhe e abusa dele a toda a hora. E a sua avó não é melhor. O director da escola encara-o como um caso especial. Julien, para sobreviver num mundo que o hostiliza, vai mesmo tornar-se num ladrão, num mentiroso e num delinquente.
Para além da história destes dois garotos, François Truffaut traça ainda outros retratos quotidianos de uma pequena cidade francesa durante o Verão de 1976 como, por exemplo, a da menina fechada num apartamento que é alimentada pelos vizinhos, ou a do garoto que tem de assobiar para se entender com o pai e a mãe.
L’Argent de Poche (Na Idade da Inocência, na versão portuguesa) não é um dos melhores filmes de Truffaut, mas é de longe uma das sua obras mais queridas e simpáticas. Um misto de comédia, drama e fantasia, filmado com tremenda simplicidade, com inteligente sensibilidade."
Texto Eugénio Vital, daqui.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2015
Juízo Final (Todo Modo) 1976
M. (Gian Maria Volonté) atravessa a cidade de Roma, no meio do caos de uma iminente epidemia, até ao centro espiritual de Zafer, local onde personalidades do mundo político e económico se encontram e onde estão a ocorrer estranhos acontecimentos. Lá, M. chega quebrando todas as regras, ao levar a esposa consigo. Durante um ritual religioso, os anfitriões são roubados, um senador é morto a tiro, um suspeito é encontrado desmaiado na casa de banho. E M. tem de descobrir o que realmente está a acontecer, antes que seja a próxima vítima.
O filme foi considerado uma crítica à corrupção no Partido Democrático Cristão italiano, e um ataque ao poder da igreja católica, e, no entanto, é necessário ser visto ou revisto nos dias de hoje, principalmente porque apresenta um argumento muito forte, interpretações soberbas de Gian Maria Volonté, no papel do presidente (uma figura que evoca o político italiano Aldo Moro, assassinado pelas Brigadas Vermelhas em 1978), um homem que parece interessado em fazer toda a gente feliz, mas motivado por uma sede infinita de poder, e Marcello Mastroianni como Don Gaetano, um sacerdote ganancioso com muitos amigos entre os amigos proeminentes, e Mariangela Melato como Giacinta, a mulher do presidente, além da música de Ennio Morricone (Charles Mingus foi originalmente escolhido para a partitura musical).
Alguns consideraram-no enigmático e lento, mas "Todo Modo" fornecia inspirações arquitectónicas muito importantes, e deve ser considerado entre os filmes sobre arquitectura. Seria o penúltimo filme de Elio Petri, um nome importante sobre o cinema político italiano.
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O filme foi considerado uma crítica à corrupção no Partido Democrático Cristão italiano, e um ataque ao poder da igreja católica, e, no entanto, é necessário ser visto ou revisto nos dias de hoje, principalmente porque apresenta um argumento muito forte, interpretações soberbas de Gian Maria Volonté, no papel do presidente (uma figura que evoca o político italiano Aldo Moro, assassinado pelas Brigadas Vermelhas em 1978), um homem que parece interessado em fazer toda a gente feliz, mas motivado por uma sede infinita de poder, e Marcello Mastroianni como Don Gaetano, um sacerdote ganancioso com muitos amigos entre os amigos proeminentes, e Mariangela Melato como Giacinta, a mulher do presidente, além da música de Ennio Morricone (Charles Mingus foi originalmente escolhido para a partitura musical).
Alguns consideraram-no enigmático e lento, mas "Todo Modo" fornecia inspirações arquitectónicas muito importantes, e deve ser considerado entre os filmes sobre arquitectura. Seria o penúltimo filme de Elio Petri, um nome importante sobre o cinema político italiano.
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Preto e Branco a Cores (La Victoire en Chantant) 1976
Colonos franceses em África de repente ficam-se no meio
a uma guerra contra os alemães. Certos de que precisam cumprir o
dever e ao mesmo tempo lutar contra os inimigos, eles imediatamente
recrutam a população nativa. E dão a eles botas e armamentos, a fim de
transformá-los em soldados. Diante do caos que se instala, surge um
jovem e idealista geógrafo francês, o único mais racional, que decide
controlar a guerra quando vê o fracasso daqueles inexperientes
combatentes.
Filme de estreia de Jean-Jacques Annaud, realizador de obras como "A Guerra do Fogo", "O Nome da Rosa", "O Urso", entre outros. Produzido com dinheiro da Suiça, França e Alemanha, foi totalmente filmado na Costa do Marfim, e apesar de não ser dos mais belos filmes anti-belicistas acabou por levar um Óscar de Melhor filmes em língua estrangeira para casa, num ano em que a concorrência nem era muito forte.
É um filme carregado com sátira e ironia, onde abundam personagens brancos estúpidos e alienados com um conceito vago do patriotismo, Annaud constrói cenas absurdas e cómicas para mostrar toda a estupidez da guerra, colonialismo, divisão racial, etc.
Na altura em que foi feito o filme, a França ainda tinha interesses nas terras colonizadas, e talvez, num filme, nunca tenha ficado tão claro o desprezo dos colonos pelos colonizados. Talvez por isso, o Óscar.
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Filme de estreia de Jean-Jacques Annaud, realizador de obras como "A Guerra do Fogo", "O Nome da Rosa", "O Urso", entre outros. Produzido com dinheiro da Suiça, França e Alemanha, foi totalmente filmado na Costa do Marfim, e apesar de não ser dos mais belos filmes anti-belicistas acabou por levar um Óscar de Melhor filmes em língua estrangeira para casa, num ano em que a concorrência nem era muito forte.
É um filme carregado com sátira e ironia, onde abundam personagens brancos estúpidos e alienados com um conceito vago do patriotismo, Annaud constrói cenas absurdas e cómicas para mostrar toda a estupidez da guerra, colonialismo, divisão racial, etc.
Na altura em que foi feito o filme, a França ainda tinha interesses nas terras colonizadas, e talvez, num filme, nunca tenha ficado tão claro o desprezo dos colonos pelos colonizados. Talvez por isso, o Óscar.
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sexta-feira, 28 de agosto de 2015
A Rapariga do Fim da Rua (The Little Girl Who Lives Down the Lane) 1976
Rynn Jacobs (Jodie Foster) é uma jovem de treze anos, que vive numa casa isolada numa pacata comunidade à beira-mar, que o seu pai alugou. Sempre que alguém da cidade tenta satisfazer a curiosidade, o pai nunca está por perto, e a menina aparece sempre sozinha. Rynn é colocada à prova por várias pessoas, que tentam descobrir o segredo que ela está a esconder, incluindo a senhoria snob e o seu filho desprezível.
Uma atmosfera assustadora, cativante e cheia de suspense, é o que se pode encontrar neste filme. Feito com um orçamento muito pequeno para a American International Pictures (AIP), e filmado no Canadá. Destaca-se como um thriller psicológico original, com um excelente argumento de Laird Koenig, baseado num livro seu. Era, sobretudo, um veículo para a jovem Jodie Foster, que no mesmo no entraria em "Bugsy Malone" e "Taxi Driver", onde conseguiria uma nomeação para o Óscar de Melhor Actriz Secundária. Nicholas Gessner, um realizador de nacionalidade hungara, dirige como se fosse uma peça de teatro, com muita imaginação.
Na altura do seu lançamento foi um pouco chocante, por ter uma jovem de treze anos a morar sozinha, ter relações sexuais, e matar pessoas, sendo ainda por cima uma estrela da Disney, mas com o passar dos anos foi recolhendo uma série de seguidores, tornando-se um filme de culto.
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Uma atmosfera assustadora, cativante e cheia de suspense, é o que se pode encontrar neste filme. Feito com um orçamento muito pequeno para a American International Pictures (AIP), e filmado no Canadá. Destaca-se como um thriller psicológico original, com um excelente argumento de Laird Koenig, baseado num livro seu. Era, sobretudo, um veículo para a jovem Jodie Foster, que no mesmo no entraria em "Bugsy Malone" e "Taxi Driver", onde conseguiria uma nomeação para o Óscar de Melhor Actriz Secundária. Nicholas Gessner, um realizador de nacionalidade hungara, dirige como se fosse uma peça de teatro, com muita imaginação.
Na altura do seu lançamento foi um pouco chocante, por ter uma jovem de treze anos a morar sozinha, ter relações sexuais, e matar pessoas, sendo ainda por cima uma estrela da Disney, mas com o passar dos anos foi recolhendo uma série de seguidores, tornando-se um filme de culto.
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Um Novo Amanhecer (The Ultimate Warrior) 1975
No ano de 2015 poucas pessoas ainda vivem em Nova Iorque. A cidade foi atingida por uma praga, que matou quase toda a gente, inclusivé a vegetação. A cidade está dividida em dois gangs, cada um com o seu território. Um é comandado por Baron (Max Von Sydow), e o outro por Carrot (William Smith), que estão em constante guerra um com o outro. Baron observa a algum tempo um homem que parado no meio da cidade como se estivesse a meditar e vê nele um bom aliado para ajuda-lo no futuro, oferecendo-lhe algumas regalias para que ele faça parte de seu grupo.O homem solitário chama-se Carson (Yul Brynner) e resolve aliar-se ao grupo de Baron, mas em troca de um stock de charutos que Baron tem guardado.
Aventura pós-apocalíptica realizada por Robert Clouse em 1975, não é um filme particularmente bem visto, ou bem lembrado. É, essencialmente, um western de ficção científica totalmente filmado nas ruas da cidade de Backlot, e com um orçamento bastante baixo. Ainda assim, antecipando em 4 anos o primeiro filme da saga Mad Max, com o cenário urbano a fazer uma diferença interessante dos desertos e terrenos baldios da maioria dos filmes do género Pós-Apocalíptico.
Robert Clouse era basicamente um realizador de série B, cujo maior sucesso tinha sido dirigir Bruce Lee em "Enter the Dragon" apenas dois anos antes, acabando por passar o resto da carreira a tentar recriar esse sucesso, recrutando um grande número de estrelas do cinema de acção para tal, como Jim Kelly, Jackie Chan, Joe Lewis ou Cynthia Rothrock, sem grande sucesso. No caso deste filme ele tanto realizou como escreveu o argumento.
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Aventura pós-apocalíptica realizada por Robert Clouse em 1975, não é um filme particularmente bem visto, ou bem lembrado. É, essencialmente, um western de ficção científica totalmente filmado nas ruas da cidade de Backlot, e com um orçamento bastante baixo. Ainda assim, antecipando em 4 anos o primeiro filme da saga Mad Max, com o cenário urbano a fazer uma diferença interessante dos desertos e terrenos baldios da maioria dos filmes do género Pós-Apocalíptico.
Robert Clouse era basicamente um realizador de série B, cujo maior sucesso tinha sido dirigir Bruce Lee em "Enter the Dragon" apenas dois anos antes, acabando por passar o resto da carreira a tentar recriar esse sucesso, recrutando um grande número de estrelas do cinema de acção para tal, como Jim Kelly, Jackie Chan, Joe Lewis ou Cynthia Rothrock, sem grande sucesso. No caso deste filme ele tanto realizou como escreveu o argumento.
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quarta-feira, 26 de agosto de 2015
O Lutador da Rua (Hard Times) 1975
Um desempregado durante a Grande Depressão cuja única alternativa é lutar nas ruas. Chaney (Charles Bronson), é um desafortunado que embarca num comboio para Nova Orleans. Lá, no lado mais pobre da cidade, tenta ganhar dinheiro fácil, da única maneira que conhece, com os punhos. Chaney aproxima-se de Speed (James Coburn) e convence-o de que pode ganhar um bom dinheiro para ambos. Ganha algumas lutas ilegais mas Speed tem um débito com um gang de assassinos, o que força Chaney a lutar pela última vez com Street, um monstro enorme numa luta sem regras ou árbitro.
Walter Hill era ainda um novato, e já tinha chamado a atenção como argumentista de dois filmes: "The Getaway" de Sam Peckinpah, e "The Mackintosh Man", de John Huston, quando teve a hipótese de pegar numa realização pela primeira vez. Escolheu um terreno um pouco diferente dos seus trabalhos como argumentista, um drama bastante tranquilo sobre um lutador viajante, que tenta fazer um pouco de dinheiro para si, da melhor forma que pode.
Co-escrito por Bryan Gindoff e Bruce Henstell, "Hard Times" é um filme perfeito: grandes interpretações de dois tipos duros, uma fabulosa montagem de Roger Spottiswoode, um futuro realizador que também já tinha dado os primeiros passos com Peckinpah, na montagem de "Straw Dogs" e "Pat Garret & Billy the Kid", montagem essa que enfatizava Bronson, nesta altura já na casa dos 50 anos.
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Walter Hill era ainda um novato, e já tinha chamado a atenção como argumentista de dois filmes: "The Getaway" de Sam Peckinpah, e "The Mackintosh Man", de John Huston, quando teve a hipótese de pegar numa realização pela primeira vez. Escolheu um terreno um pouco diferente dos seus trabalhos como argumentista, um drama bastante tranquilo sobre um lutador viajante, que tenta fazer um pouco de dinheiro para si, da melhor forma que pode.
Co-escrito por Bryan Gindoff e Bruce Henstell, "Hard Times" é um filme perfeito: grandes interpretações de dois tipos duros, uma fabulosa montagem de Roger Spottiswoode, um futuro realizador que também já tinha dado os primeiros passos com Peckinpah, na montagem de "Straw Dogs" e "Pat Garret & Billy the Kid", montagem essa que enfatizava Bronson, nesta altura já na casa dos 50 anos.
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terça-feira, 25 de agosto de 2015
Pasqualino das Sete Beldades (Pasqualino Settebellezze) 1975
Durante a Segunda Guerra Mundial Pasqualino Frafuso (Giancarlo Giannini), um italiano, deserta do exército. Os alemães capturam-no e enviam-no para um campo de concentração, onde faz quase qualquer coisa para sobreviver. Em flashbacks, é vista a sua família com sete irmãs (as sete belezas), como Pasqualino cometeu um assassinato acidental ao amante de uma irmã, a sua confissão e prisão, a sua calculada troca para um asilo, e como decidiu volutariamente ser um soldado para escapar da prisão.
"Pasqualino Settebellezze" é uma sátira ousada, irreverente, e densa em camadas sobre uma cultura nacional de machismo, onde a crueldade humana justifica promover um clima de militarismo e permitir a cumplicidade, resultando na tragédia da Segunda Guerra Mundial. Ao apresentar a situação cívil de Pasqualino como uma consequência da interacção entre a vaidade e a covardia, Lina Wertmüller mostra-nos uma correlecção incisiva entre a agressão masculina e a virilidade.
Lina Wertmüller era uma das realizadoras mais controversas em Itália, e este era um dos seus melhores exemplos. Foi nomeado para quatro Óscares, sendo Wertmüller a primeira mulher a ser nomeada para melhor realizadora. O filme foi também nomeado para melhor actor (Giancarlo Giannini), Argumento, e Filme em Língua Estrangeira.
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"Pasqualino Settebellezze" é uma sátira ousada, irreverente, e densa em camadas sobre uma cultura nacional de machismo, onde a crueldade humana justifica promover um clima de militarismo e permitir a cumplicidade, resultando na tragédia da Segunda Guerra Mundial. Ao apresentar a situação cívil de Pasqualino como uma consequência da interacção entre a vaidade e a covardia, Lina Wertmüller mostra-nos uma correlecção incisiva entre a agressão masculina e a virilidade.
Lina Wertmüller era uma das realizadoras mais controversas em Itália, e este era um dos seus melhores exemplos. Foi nomeado para quatro Óscares, sendo Wertmüller a primeira mulher a ser nomeada para melhor realizadora. O filme foi também nomeado para melhor actor (Giancarlo Giannini), Argumento, e Filme em Língua Estrangeira.
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domingo, 23 de agosto de 2015
Galo de Briga (Cockfighter) 1974
Frank Mansfield (Warren Oates) é um treinador de galos de luta, tão explosivo como os animais que treina. Faz uma aposta com Jack (Harry Dean Stanton), mas o seu melhor galo é morto na noite anterior à disputa pelo "Cockfighter of the Year". Por causa do seu comportamento obsessivo Frank fez um voto de silêncio, e mergulha numa nova jornada rumo ao seu novo objectivo: ser o melhor treinador de galos do ano, nem que isso lhe custe todas as suas posses e a mulher que ama.
Produzido por Roger Corman, este seria um dos quatro filmes que Monte Hellman e Warren Oates fizeram juntos, quase todos nos anos setenta. Se existe um herói esquecido do cinema americano dos anos setenta, esse tem de ser Warren Oates, embora ele fosse sempre um actor de poucas palavras, mas algumas das suas obras, não só as de Hellman, ficaram como autênticos filmes de culto. Aqui a personagem de Oates só tem duas cenas com diálogos, mas a sua expressividade é tão envolvente que é impossível ao espectador não se identificar com o protagonista.
Ficamos com uma sensação muito realista, já que o filme foi rodados em exteriores autênticos do sul dos Estados Unidos, e explora com olhos bem abertos a atracção da subcultura dos jogos e das apostas ilegais. Néstor Almendros faz um belo trabalho na fotografia.
O filme passou por baixo dos radares na altura em que saíu, por ser tão perturbador nas descrições sangrentas da crueldade animal, mas aparte isso é um dos filmes de culto dos anos 70.
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Produzido por Roger Corman, este seria um dos quatro filmes que Monte Hellman e Warren Oates fizeram juntos, quase todos nos anos setenta. Se existe um herói esquecido do cinema americano dos anos setenta, esse tem de ser Warren Oates, embora ele fosse sempre um actor de poucas palavras, mas algumas das suas obras, não só as de Hellman, ficaram como autênticos filmes de culto. Aqui a personagem de Oates só tem duas cenas com diálogos, mas a sua expressividade é tão envolvente que é impossível ao espectador não se identificar com o protagonista.
Ficamos com uma sensação muito realista, já que o filme foi rodados em exteriores autênticos do sul dos Estados Unidos, e explora com olhos bem abertos a atracção da subcultura dos jogos e das apostas ilegais. Néstor Almendros faz um belo trabalho na fotografia.
O filme passou por baixo dos radares na altura em que saíu, por ser tão perturbador nas descrições sangrentas da crueldade animal, mas aparte isso é um dos filmes de culto dos anos 70.
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Juventude à Solta (The Lord's of Flatbush) 1974
Butchey (Henry Winkler) forma um gang de casacos de couro, numa escola em Brooklyn durante a década de 50. O grupo é formado por Stanley (Sylvester Stallone) que é forçado a casar com a namorada depois de a engravidar, e Chico (Perry King) que anda envolvido com uma nova rapariga na escola chamada ane (Susan Blakely). À medida que vão entrando na idade adulta vão-se afastando, porque novos interesses começam a acontecer.
Pode ser melhor descrito como uma "série B" de "American Graffiti", que tinha sido lançado no ano anterior. Os valores de produção são de má qualidade, com uma imagem granulada que parece ter sido com uma câmera de filmar não profissional. A história é apresentada num estilo fragmentado, mais no estilo de vinhetas do que um real enredo. Os actores também não foram muito bem escolhidos, todos eles perto dos 30 anos e a interpretarem personagens de 18.
Realizado a quatro mãos, por Martin Davidson e Stephen Verona, tem a curiosidade de contar com Sylvester Stallone num dos seus primeiros papéis de protagonista, e um dos últimos antes do mega-sucesso de "Rocky". Só para curiosos.
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Pode ser melhor descrito como uma "série B" de "American Graffiti", que tinha sido lançado no ano anterior. Os valores de produção são de má qualidade, com uma imagem granulada que parece ter sido com uma câmera de filmar não profissional. A história é apresentada num estilo fragmentado, mais no estilo de vinhetas do que um real enredo. Os actores também não foram muito bem escolhidos, todos eles perto dos 30 anos e a interpretarem personagens de 18.
Realizado a quatro mãos, por Martin Davidson e Stephen Verona, tem a curiosidade de contar com Sylvester Stallone num dos seus primeiros papéis de protagonista, e um dos últimos antes do mega-sucesso de "Rocky". Só para curiosos.
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sábado, 22 de agosto de 2015
Général Idi Amin Dada: Autoportrait (Général Idi Amin Dada: Autoportrait) 1974
"Documentário, realizado pelo realizador Barbet Schroeder. Feito com o apoio e participação no argumento, do ditador africano Idi Amin, a produção mostra Amin na plenitude do poder no Uganda. O filme, é um estudo do caráter discutível e dos seus objetivos. Amin é seguido de perto numa série de colocações formais e informais, e combinou várias entrevistas curtas, nas quais Amin expõe frequentemente as suas estranhas teorias políticas, económicas, e de relações internacionais. O ditador é filmado supervisionando a escola de paraquedistas de Uganda, navegando por um parque selvagem, tocando jazz no acordeão, e organizando uma falsa batalha numa pequena colina nas Montanhas de Golan. A câmera registra momentos cómicos: paraquedistas fazem exercícios no pátio de recreio de crianças; um comité de boas-vindas de aldeões é forçado a fugir da poeira levantada pelo helicóptero de Amin; um membro do gabinete coça o nariz com um lápis durante um discurso bombástico de Amin, Porém, o humor subjacente do filme é negro. Amin censura os seus ministros pelo fracasso em representar Uganda "corretamente" para o mundo. Até mesmo protestando com seu ministro do exterior pelos fracassos nas relações públicas, ele é sempre jocoso e engraçado - duas semanas depois do término do documentário, o corpo do ministro do exterior foi encontrado flutuando no Rio Nilo. Conclua você mesmo se Amin foi canibal. Documentário exótico e fantástico." Texto de Interfilmes
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sexta-feira, 21 de agosto de 2015
Nada (Nada) 1974
Um grupo terrorista europeu chamado "Nada", rapta o embaixador americano. Rapidamente surgem tensões entre os elementos devido às discrepâncias sobre os passos que se seguem. Mais tarde o grupo terá de lidar com uma polícia extremamente dura, que durante o resgate utiliza a violência, sem e importar com a vida do embaixador.
"Nada", de Claude Chabrol é um epílogo irónico sobre o Maio de 1968, período de revoltas estudantis esquerdistas. Parece uma espécie de sequela de "La Chinoise", de Jean-Luc Godard. Fotogénico, com os slogans revolucionários de Godard, mais cínico, e com menos ambições políticas. Tanto Godard como Chabrol assistiram a muitos filmes de gangsters americanos, e aprenderam as lições. Ambos estão apaixonados pela imagem de românticos revolucionários, uma seita secreta a fazer declarações políticas através da violência, e assim, naturalmente, surge o plano para raptar o embaixador americano.
Baseado num livro de Jean-Patrick Manchette, que dá uma ajuda no argumento, conta com um elenco de primeira linha: Fabio Testi, Michel Duchaussoy, Maurice Garrel, Michel Aumont e Lou Castel.
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"Nada", de Claude Chabrol é um epílogo irónico sobre o Maio de 1968, período de revoltas estudantis esquerdistas. Parece uma espécie de sequela de "La Chinoise", de Jean-Luc Godard. Fotogénico, com os slogans revolucionários de Godard, mais cínico, e com menos ambições políticas. Tanto Godard como Chabrol assistiram a muitos filmes de gangsters americanos, e aprenderam as lições. Ambos estão apaixonados pela imagem de românticos revolucionários, uma seita secreta a fazer declarações políticas através da violência, e assim, naturalmente, surge o plano para raptar o embaixador americano.
Baseado num livro de Jean-Patrick Manchette, que dá uma ajuda no argumento, conta com um elenco de primeira linha: Fabio Testi, Michel Duchaussoy, Maurice Garrel, Michel Aumont e Lou Castel.
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quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Phase IV (Phase IV) 1973
Quando um fenómeno cósmico, aparentemente causa uma mutação nas formigas, tornando-as seres inteligentes, um grupo de cientistas vai ao deserto para investigar. Lá deparam-se com estranhas construções das formigas, em formas geométricas que, apesar de mostrar um propósito, este permanece obscuro para os humanos. Logo, se inicia o conflito com as formigas atacando os membros da equipa científico. Os dois líderes da equipa, o Dr. Ernest e James chegam a conclusão de que a evolução se faz em ciclos e, aproximamo-nos da fase 4, onde uma nova ordem surgirá para a vida na terra.
"Phase IV", única longa metragem do famoso designer Saul Bass, é um pequeno filme de ficção científica completamente fora de vulgar, em que a ameaça extraordinária (uma colónia de formigas altamente evoluídas) tem muito mais destaque do que os personagens humanos, que lutam contra elas. O filme começa ao nível do solo, e é preciso cerca de 10 minutos até aparecer uma personagem no ecrã. Mesmo assim, Bass lentamente, evita apresentar a humanidade para o espectador, começando com um shot de um jipe a mover-se perante uma paisagem árida.
É um filme que tem de ser catalogado no género sci-fi / terror. Constrói o terror não através de efeitos especiais ou violência, mas através do subtil desenvolvimento da atmosfera, com um sentimento crescente de pavor.
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"Phase IV", única longa metragem do famoso designer Saul Bass, é um pequeno filme de ficção científica completamente fora de vulgar, em que a ameaça extraordinária (uma colónia de formigas altamente evoluídas) tem muito mais destaque do que os personagens humanos, que lutam contra elas. O filme começa ao nível do solo, e é preciso cerca de 10 minutos até aparecer uma personagem no ecrã. Mesmo assim, Bass lentamente, evita apresentar a humanidade para o espectador, começando com um shot de um jipe a mover-se perante uma paisagem árida.
É um filme que tem de ser catalogado no género sci-fi / terror. Constrói o terror não através de efeitos especiais ou violência, mas através do subtil desenvolvimento da atmosfera, com um sentimento crescente de pavor.
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Toca o Tambor Devagar (Bang the Drum Slowly) 1973
A história de uma equipa profissional de Baseball de Nova Iorque, e de dois dos seus jogadores. Henry Wiggen (Michael Moriarty) é o arremessador e estrela de equipa e Bruce Pearson (Robert de Niro) é o apanhador, longe de ser estrela, mas amigo de todos os jogadores da equipa. Bruce descobre que tem uma doença terminal, e Henry, o seu único verdadeiro amigo, está determinado a ajudá-lo ao máximo na sua última época com o clube.
Conto sobre o mundo do baseball escrito por Mark Harris foi adaptado de uma produção televisiva da década de cinquenta, que contava com Paul Newman no principal papel. "Bang the Drum Slowly" era mais um estudo sobre uma relação entre dois homens, que por acaso eram jogadores de baseball, do que propriamente sobre desporto. Um homem que está determinado a dar ao seu amigo uns momentos de alegria nos seus últimos meses de fica, e que tem alguns momentos tristes sem caír no melodramático.
Grandes interpretações dos actores principais, Moriarty e, especialmente, De Niro, que na altura era apenas um virtualmente desconhecido, embora "Mean Streets" estreasse poucas semanas depois o que mudaria a sua carreira. Destaque também para Vincent Gardenia, como treinador da equipa, que lhe valeu uma nomeação para um Óscar.
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Conto sobre o mundo do baseball escrito por Mark Harris foi adaptado de uma produção televisiva da década de cinquenta, que contava com Paul Newman no principal papel. "Bang the Drum Slowly" era mais um estudo sobre uma relação entre dois homens, que por acaso eram jogadores de baseball, do que propriamente sobre desporto. Um homem que está determinado a dar ao seu amigo uns momentos de alegria nos seus últimos meses de fica, e que tem alguns momentos tristes sem caír no melodramático.
Grandes interpretações dos actores principais, Moriarty e, especialmente, De Niro, que na altura era apenas um virtualmente desconhecido, embora "Mean Streets" estreasse poucas semanas depois o que mudaria a sua carreira. Destaque também para Vincent Gardenia, como treinador da equipa, que lhe valeu uma nomeação para um Óscar.
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terça-feira, 18 de agosto de 2015
Pausa Breve (Una Breve Vacanza) 1973
"Vittorio de Sica fez o filme “Una Breve vacanza” em 1973, já quando o Neo-realismo italiano era uma sombra estilística apagada na memória de cinéfilos fiéis à temática dos problemas sociais, das crianças lacrimosas, dos atores desconhecidos e da ambientação hiper-realista... É a estória de Clara Mataro, uma mulher metalúrgica, de poucas posses, com 3 filhos que ama, e uma horrenda família composta por um marido embrutecido, o cunhado tão rude estúpido e grosseiro quanto ao irmão, com o adendo de uma leve marca do mau-caratismo, e uma sogra exemplarmente sofredora e por isso, sintomaticamente latina – com o detalhe de todos viverem sob o mesmo teto, e apenas Clara a trabalhar. Após uma síncope de exaustão no trabalho na fábrica onde trabalha, Clara, sob orientações médicas, é recomendada a seguir para uma clínica de repouso no norte montanhoso de Dolomites. A família – não sei se ja disse, ‘horrenda’ - insiste que ela está bem e que não precisa do tal tratamento. Apesar de amar aos filhos, a insatisfação no casamento não a faz titubear e parte para as “férias forçadas.” Chega à clinica e logo percebe que dependendo da classe social, os tratamentos são diferenciados. Mas independente da discriminação entre pacientes nababos e remendados, a experiência da recuperação de Clara não é apenas física, mas emocional. A famosa consciênça de crasse passa longe daqui. Aos poucos Clara torna-se amiga de outras internas, independente de quanto levam na carteira, e adquire novas atitudes frente a sua feminilidade, a leitura, à solidariedade e ao amor. Sua vida muda. Torna-se confidente de mulheres - como a interpretada por Adriana Asti no papel de Scanziani, uma doente mental em estado terminal, um dos pontos sensíveis do filme - que talvez jamais as encontrasse em seu dia-a-dia. Aliás as mulheres que encontra são interessantíssimas...
Todos os estágios de sua feminilidade são expostos, independente da dimensão de sua felicidade frágil e por que não dizer, perturbada pela presença do marido. De Sica impõe um diálogo de sombras com o espectador através da alternância de cenários entre os Alpes oníricos ensolarados, a fábrica opressora, e a casa escurecida – onde quase não é possível distinguir os rostos - , compondo nessa reprodução de fragmentos um quadro onde o tema do, voilá, o adultério, esta tão batida carta, é reinventado. Na clínica, reencontra um jovem mecânico que a convidara a um café no dia da consulta, antes da viagem. Clara, uma mulher de invulgar modestia, deixa-se levar pela atração e nós acabamos torcendo por ela quando o drama vira dramalhão e a paixão entra na veia. Supostamente, no filme, que é uma espécie de dramalhão romântico, mas cheio da sensibilidade, De Sicca nega-se à farsa exuberante ou ao drama existencial que, por exemplo, Antonioni enveredou após deixar os neo-realistas. Supostamente, o filme foi baseado no adágio de Appollinaire, “Só na doença, os pobres tem férias” – o que não deixa de ser uma verdade.
E o bom dos filmes do De Sicca é o final: nunca feliz, mas não menos verosímil. Clara, retorna a casa, após ter a alta antecipada pelo médico – resignado, mas sem deixar de ser delicadamente vingativo - que tentara discretamente porém sem sucesso, seduzi-la. A emoção produzida pelo amor dissolvido que sentira por Luigi torna-se evidente, em toda a sua amplidão, na viagem de retorno de trem para casa. De Sica nos deixa a amarga imaginação da extensão das perdas de Clara."
Por Chico Rogido, daqui.
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Irmãs (Sisters) 1973
Irmãs siamesas (ambas interpretadas por Margot Kidder) que foram criadas por uma freira num orfanato são finalmente separadas após vários anos a viverem literalmente unidas. Mas a separação causa um transtorno irreparável, e as irmãs passam a rivalizar uma com a outra. É neste cenário que acontece um assassinato, e uma das gémeas está directamente ligada ao crime.
"Sisters" é Brian de Palma no seu melhor, e mais malicioso. Uma homenagem explícita a Hitchcock, principalmente "Psycho" (1960), e feito de modo independente por menos de meio milhão de dólares. Filmado em quartos fechados e apertados, com zooms longos e uma montagem rápida, com o agora famoso uso de "spilt screen" para tecer um mistério sangrento.
"Sisters" foi o filme que tornou Brian de Palma um realizador conhecido, apesar deste já ter algumas curtas anteriores, e foi o primeiro a enfatizar os temas e obsessões que iriam conduzir os seus filmes ao longo dos anos 70, e principios dos anos 80, incluindo "Carrie" (1976), "Obsession" (1976), "The Fury" (1978) e "Dressed to Kill (1980). O voyeurismo era um tema recorrente na carreira do realizador, salientando-se repetidamente ao longo de "Sisters". Há uma sequência em particular, em que Grace (Jennifer Salt) observa através de uns binóculos enquanto um investigador privado (Charles Durning) revista o apartamento de Dominique, é directamente inspirado por "Rear Window", de Alfred Hitchcock.
De Palma admitiu abertamente que fez "Sisters" como uma espécie de experiência cinematográfica, uma forma de aprimorar as suas habilidades cinematográficas, para mais tarde as desenvolver. E ainda assim, é uma obra bastante interessante.
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"Sisters" é Brian de Palma no seu melhor, e mais malicioso. Uma homenagem explícita a Hitchcock, principalmente "Psycho" (1960), e feito de modo independente por menos de meio milhão de dólares. Filmado em quartos fechados e apertados, com zooms longos e uma montagem rápida, com o agora famoso uso de "spilt screen" para tecer um mistério sangrento.
"Sisters" foi o filme que tornou Brian de Palma um realizador conhecido, apesar deste já ter algumas curtas anteriores, e foi o primeiro a enfatizar os temas e obsessões que iriam conduzir os seus filmes ao longo dos anos 70, e principios dos anos 80, incluindo "Carrie" (1976), "Obsession" (1976), "The Fury" (1978) e "Dressed to Kill (1980). O voyeurismo era um tema recorrente na carreira do realizador, salientando-se repetidamente ao longo de "Sisters". Há uma sequência em particular, em que Grace (Jennifer Salt) observa através de uns binóculos enquanto um investigador privado (Charles Durning) revista o apartamento de Dominique, é directamente inspirado por "Rear Window", de Alfred Hitchcock.
De Palma admitiu abertamente que fez "Sisters" como uma espécie de experiência cinematográfica, uma forma de aprimorar as suas habilidades cinematográficas, para mais tarde as desenvolver. E ainda assim, é uma obra bastante interessante.
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segunda-feira, 17 de agosto de 2015
Delícias Turcas (Turks Fruit) 1973
"Delícias Turcas" é o percursor provocante do realizador holandês Paul Verhoeven do seu ciclo de películas de Hollywood de grande orçamento, que exploram a sexualidade humana como "Instinto Fatal" (1992), "Showgirls" (1995) e "Starship Troopers" (1997). Criticado com frequência pelo seu uso da extrema violência e da sexualidade explícita, Verhoeven tem sempre defendido que os seus filmes espelham mais a vida do que a influenciam. "Delicias Turcas" é protagonizado por Rutger Hauer como Erik Vonk, um escultor promíscuo que se envolve com a bela Olga (Monique Van de Ven) cujo apetite sexual compete com o dele. À medida que o seu caso avança, decidem-se casar-se mas as divergências entre Eric e o sistema de valores dos seus sogros levam ao fim do romance. Anos depois, Eric e Olga voltam a encontrar-se, e finalmente conseguem dar alguma conclusão à sua relação turbulenta. O filme é construído numa série de flashbacks em que o mundo interior e a sensibilidade de Eric são lentamente revelados.
A atmosfera da parte final é completamente diferente da verificada no início, quase como se estivéssemos noutro filme. Transforma-se numa narrativa comovente de amor e perda, de êxtase e desespero e, embora insista num grau apreciável de conteúdo erótico, é temperado com doses fortes, tanto de fantasia como realidade.
A sexualidade de espírito livre que dinamiza os filmes de Verhoeven está no coração de "Delícias Turcas", apresentado como o ataque definitivo aos valores burgueses. Sustentado pelo comportamento extremo do protagonista, este romance anti-convencional nunca deixa de provocar, com o seu efeito a ser aumentado pela química explosiva entre Hauer e Monique, "Delícias Turcas" foi considerado "O Melhor Filme Holandês do Século" no festival de Cinema da Holanda, de 1999.
Texto por RDe, "1001 Filmes para ver antes de morrer".
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A atmosfera da parte final é completamente diferente da verificada no início, quase como se estivéssemos noutro filme. Transforma-se numa narrativa comovente de amor e perda, de êxtase e desespero e, embora insista num grau apreciável de conteúdo erótico, é temperado com doses fortes, tanto de fantasia como realidade.
A sexualidade de espírito livre que dinamiza os filmes de Verhoeven está no coração de "Delícias Turcas", apresentado como o ataque definitivo aos valores burgueses. Sustentado pelo comportamento extremo do protagonista, este romance anti-convencional nunca deixa de provocar, com o seu efeito a ser aumentado pela química explosiva entre Hauer e Monique, "Delícias Turcas" foi considerado "O Melhor Filme Holandês do Século" no festival de Cinema da Holanda, de 1999.
Texto por RDe, "1001 Filmes para ver antes de morrer".
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Themroc (Themroc) 1973
Um operário rebela-se contra toda ordem estabelecida e decide transformar-se num novo homem das cavernas. Quebra as paredes do seu apartamento, atira fora os móveis, pede demissão do emprego, enfim muda completamente a sua vida. Desta forma, ele quer descobrir a verdadeira razão de viver. À noite sai para caçar. As suas vítimas são as pessoas que ainda querem reprimi-lo.
Esta comédia bizarra com uma grande carga política foi escrita e realizada por Claude Faraldo, e tornou-se rapidamente conhecido no Reino Unido como o primeiro filme a ser transmitido pelo Channel 4 com o famoso Red Triangle, cinema considerado extremo, e por isso mostrado com um triângulo vermelho no canto do ecrâ. Ninguém do elenco fala em alguma linguagem, em vez disso os personagens gritam e babulciam palavras sem nexo, e a sociedade é descrita como desumanizante, monótona e arrogante.
Com Michel Piccoli no papel do personagem-título, numa altura em que se encontrava em grande forma, valeu dois prémios no Festival de Avoriaz, um dos mais famosos festivais de cinema fantástico desta altura: prémio Especial do Júri e de Melhor Actor (Piccoli).
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Esta comédia bizarra com uma grande carga política foi escrita e realizada por Claude Faraldo, e tornou-se rapidamente conhecido no Reino Unido como o primeiro filme a ser transmitido pelo Channel 4 com o famoso Red Triangle, cinema considerado extremo, e por isso mostrado com um triângulo vermelho no canto do ecrâ. Ninguém do elenco fala em alguma linguagem, em vez disso os personagens gritam e babulciam palavras sem nexo, e a sociedade é descrita como desumanizante, monótona e arrogante.
Com Michel Piccoli no papel do personagem-título, numa altura em que se encontrava em grande forma, valeu dois prémios no Festival de Avoriaz, um dos mais famosos festivais de cinema fantástico desta altura: prémio Especial do Júri e de Melhor Actor (Piccoli).
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Se D. Juan Fosse Mulher (Don Juan ou Si Don Juan était une Femme...) 1973
Jeanne (Brigitte Bardot) vive em Paris e acredita ser a reencarnação de Don Juan. Ela visita um padre dizendo-lhe que assassinou um homem. Ele vai até seu elegante apartamento - o pai morreu deixando-a rica - e ela conta-lhe histórias sobre os homens que seduziu. A sedução é fácil, a destruição é que requer planeamento.
Como o título do filme sugere, a idéia é trocar o infâme amante latino por uma mulher, uma idéia saliente no início dos anos 70, quando a segunda onda do feminismo estava no seu auge. A idéia é ainda mais subversiva porque o realizador Roger Vadim escolheu para o papel principal a sua ex-mulher, Brigitte Bardot, revertendo o poder da dinâmica que tinha definido a sua carreira como actriz, quase 20 anos antes. Em vez de ser o objecto do olhar masculino, ela passaria a objectivar os homens, possuí-los e, eventualmente, destruí-los. Por ser Vadim a realizar o filme ainda o tornaria mais interessante, porque ele era o responsável por moldar Bardot no seu status de objecto sexual internacional, principalmente por causa do seu filme descoberta de 1956, "E Deus Criou a Mulher".
"Don Juan" acabaria por ser a última aparição de Bardot no cinema, e, de certa forma, resumia a sua carreira. Como actriz ela começou como um sex symbol, cujo principal apelo era a sua líbido, combinada com a inocência juvenil, e acabou aqui, como uma extensão lógica dessa persona, com a sua sexualidade a envelhecer e a amadurecer, para terminar assim, como uma arma.
Alguns actores de destaque acompanham Bardot: Robert Hossein, Jane Birkin e Maurice Ronet.
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Como o título do filme sugere, a idéia é trocar o infâme amante latino por uma mulher, uma idéia saliente no início dos anos 70, quando a segunda onda do feminismo estava no seu auge. A idéia é ainda mais subversiva porque o realizador Roger Vadim escolheu para o papel principal a sua ex-mulher, Brigitte Bardot, revertendo o poder da dinâmica que tinha definido a sua carreira como actriz, quase 20 anos antes. Em vez de ser o objecto do olhar masculino, ela passaria a objectivar os homens, possuí-los e, eventualmente, destruí-los. Por ser Vadim a realizar o filme ainda o tornaria mais interessante, porque ele era o responsável por moldar Bardot no seu status de objecto sexual internacional, principalmente por causa do seu filme descoberta de 1956, "E Deus Criou a Mulher".
"Don Juan" acabaria por ser a última aparição de Bardot no cinema, e, de certa forma, resumia a sua carreira. Como actriz ela começou como um sex symbol, cujo principal apelo era a sua líbido, combinada com a inocência juvenil, e acabou aqui, como uma extensão lógica dessa persona, com a sua sexualidade a envelhecer e a amadurecer, para terminar assim, como uma arma.
Alguns actores de destaque acompanham Bardot: Robert Hossein, Jane Birkin e Maurice Ronet.
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sábado, 15 de agosto de 2015
Selva Humana (The Friends of Eddie Coyle) 1973
"Sabe aquela famosa frase? “Com amigos como este, quem precisa de inimigos?”. Então, é este tipo de “amigo” que o título do filme se refere nesta obra prima do diretor Peter Yates. Eddie Coyle, interpretado por Robert Mitchum, conta, a certa altura, que ganhou o apelido de fingers depois de um servicinho ter dado errado e seus “amigos” terem arrebentado sua mão como castigo. Realmente mui amigos...
Yates é bastante esperto ao retratar este mundo de uma maneira sombria e extremamente melancólica, sob o olhar cansado de um Robert Mitchum cheio de dilemas. Seu personagem já inicia o filme em apuros. A esta altura da vida, Eddie teve problemas com a lei, possui mulher e três filhos, não quer ir pra prisão na sua idade, então resolve virar “dedo duro” da policia pra sair dessa situação de uma vez, mas acaba colocando sua vida em risco. E, basicamente, é isso que temos aqui para formar uma trama bem desenvolvida.
Esqueçam cenas de ação mirabolantes ou perseguições de carro em alta velocidade como em BULLIT, também de Yates, nada de adrenalina por aqui. O que OS AMIGOS DE EDDIE COYLE nos dá é o drama de um homem simples envolvido numa teia criminosa, tentando se livrar, mas acaba se enrolando cada vez mais. A direção de Yates é ótima e funciona muito bem nesse sentido, evitando os excessos que poderiam desviar a atenção; o roteiro também é bem enxuto, inspirado no romance de George V. Higgins (que eu não li); mas o que realmente torna o filme uma obra prima dos anos setenta é a presença de um Robert Mitchum inspirado.
Esqueçam cenas de ação mirabolantes ou perseguições de carro em alta velocidade como em BULLIT, também de Yates, nada de adrenalina por aqui. O que OS AMIGOS DE EDDIE COYLE nos dá é o drama de um homem simples envolvido numa teia criminosa, tentando se livrar, mas acaba se enrolando cada vez mais. A direção de Yates é ótima e funciona muito bem nesse sentido, evitando os excessos que poderiam desviar a atenção; o roteiro também é bem enxuto, inspirado no romance de George V. Higgins (que eu não li); mas o que realmente torna o filme uma obra prima dos anos setenta é a presença de um Robert Mitchum inspirado.
Como já devem ter percebido, OS AMIGOS DE EDDIE COYLE é uma obra mais séria que o habitual, um exercício de realismo dentro de um gênero repleto de situações exacerbadas que, aqui, não vêm ao caso. Até mesmo nas cenas de assaltos a bancos, que Yates intercala na estrutura narrativa, são ausentes de qualquer tipo de manipulação emocional. Yates prefere apostar na atmosfera natural, com a magnífica fotografia crua de Victor J. Kemper (que já havia trabalhado com John Cassavetes em HUSBANDS e depois faria UM DIA DE CÃO, de Sidney Lumet); nos diálogos que carregam muito mais tensão; e claro, em Robert Mitchum brilhando como nunca."
Texto do Ronald Perrone, daqui.
Legendas exclusivas para o My Two Thousand Movies, da autoria do Rui Alves de Sousa.
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Yates é bastante esperto ao retratar este mundo de uma maneira sombria e extremamente melancólica, sob o olhar cansado de um Robert Mitchum cheio de dilemas. Seu personagem já inicia o filme em apuros. A esta altura da vida, Eddie teve problemas com a lei, possui mulher e três filhos, não quer ir pra prisão na sua idade, então resolve virar “dedo duro” da policia pra sair dessa situação de uma vez, mas acaba colocando sua vida em risco. E, basicamente, é isso que temos aqui para formar uma trama bem desenvolvida.
Esqueçam cenas de ação mirabolantes ou perseguições de carro em alta velocidade como em BULLIT, também de Yates, nada de adrenalina por aqui. O que OS AMIGOS DE EDDIE COYLE nos dá é o drama de um homem simples envolvido numa teia criminosa, tentando se livrar, mas acaba se enrolando cada vez mais. A direção de Yates é ótima e funciona muito bem nesse sentido, evitando os excessos que poderiam desviar a atenção; o roteiro também é bem enxuto, inspirado no romance de George V. Higgins (que eu não li); mas o que realmente torna o filme uma obra prima dos anos setenta é a presença de um Robert Mitchum inspirado.
Esqueçam cenas de ação mirabolantes ou perseguições de carro em alta velocidade como em BULLIT, também de Yates, nada de adrenalina por aqui. O que OS AMIGOS DE EDDIE COYLE nos dá é o drama de um homem simples envolvido numa teia criminosa, tentando se livrar, mas acaba se enrolando cada vez mais. A direção de Yates é ótima e funciona muito bem nesse sentido, evitando os excessos que poderiam desviar a atenção; o roteiro também é bem enxuto, inspirado no romance de George V. Higgins (que eu não li); mas o que realmente torna o filme uma obra prima dos anos setenta é a presença de um Robert Mitchum inspirado.
Como já devem ter percebido, OS AMIGOS DE EDDIE COYLE é uma obra mais séria que o habitual, um exercício de realismo dentro de um gênero repleto de situações exacerbadas que, aqui, não vêm ao caso. Até mesmo nas cenas de assaltos a bancos, que Yates intercala na estrutura narrativa, são ausentes de qualquer tipo de manipulação emocional. Yates prefere apostar na atmosfera natural, com a magnífica fotografia crua de Victor J. Kemper (que já havia trabalhado com John Cassavetes em HUSBANDS e depois faria UM DIA DE CÃO, de Sidney Lumet); nos diálogos que carregam muito mais tensão; e claro, em Robert Mitchum brilhando como nunca."
Texto do Ronald Perrone, daqui.
Legendas exclusivas para o My Two Thousand Movies, da autoria do Rui Alves de Sousa.
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Ferro em Brasa (Charley Varrick) 1973
Charley Varrick e os seus amigos roubam um banco numa pequena cidade. Esperando por uma pequena quantidade de dinheiro para dividir entre eles, são surpreendidos por encontrar uma grande soma. Depressa descobrem que o dinheiro pertence à Máfia, e agora precisam de arranjar um plano para fugir, pois a Máfia está no seu encalce. Um tenso jogo entre gato e rato se sucede, com Charley a revelar que tem muito mais na manga do que poderiam imaginar.
Don Siegel tinha realizado o primeiro filme da saga Dirty Harry dois anos antes, e apesar de "Charley Varrick" não ser dos seus filmes mais facilmente reconhecíveis, é das suas obras de aventuras mais perfeitas, cheia de personagens peculiares, grandes interpretações, belos cenários, e voltas e mais reviravoltas para satisfazer o mais cansado dos espectadores. Walter Matthau tem uma das suas mais interessantes interpretações no papel do título, bem longe do território da comédia que o caracterizava.
Embora tenha sido muito bem recebido pela crítica, foi um falhanço no box-office. Walter Matthau até ganhou o BAFTA para melhor actor, concorrendo nesse ano com Marlon Brando em "O Último Tango em Paris" e Laurence Olivier em "Sleuth", mas Siegel insistiu que Matthau contribuiu muito para o fracasso comercial do filme, por este ter espalhado que não gostou de trabalhar no filme e não o entendeu.
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Don Siegel tinha realizado o primeiro filme da saga Dirty Harry dois anos antes, e apesar de "Charley Varrick" não ser dos seus filmes mais facilmente reconhecíveis, é das suas obras de aventuras mais perfeitas, cheia de personagens peculiares, grandes interpretações, belos cenários, e voltas e mais reviravoltas para satisfazer o mais cansado dos espectadores. Walter Matthau tem uma das suas mais interessantes interpretações no papel do título, bem longe do território da comédia que o caracterizava.
Embora tenha sido muito bem recebido pela crítica, foi um falhanço no box-office. Walter Matthau até ganhou o BAFTA para melhor actor, concorrendo nesse ano com Marlon Brando em "O Último Tango em Paris" e Laurence Olivier em "Sleuth", mas Siegel insistiu que Matthau contribuiu muito para o fracasso comercial do filme, por este ter espalhado que não gostou de trabalhar no filme e não o entendeu.
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O Delito (The Offence) 1973
Retrato angustiante da brutalidade policial, o detective Johnson (Sean Connery) já trabalha na polícia hà 20 anos. Ao longo deste tempo, já viu incontáveis assassinos, violações, e outros crimes graves que lhe deixaram marcar bem profundas. A sua raiva e agressividade que já tinha sido quase suprimida, vem à superfície quando ele está a interrogar um suspeito, Baxter (Ian Bannen) de quem está convencido ser o homem responsável de uma série de crimes horríveis contra jovens. Ao longo do interrogatório Johnson bate brutalmente em Baxter, acabando por revelar que o estado da sua mente não é melhor que a do provável assassino.
Filme que era o testamento do poder de Sean Connery em Hollywood, funcionou como uma espécie de suborno para tentar fazer Connery voltar ao papel de James Bond, com a MGM a oferecer-lhe dois projectos de estimação. O segundo, que nunca chegou a ser feito, era uma versão de "Macbeth" que Connery era para dirigir. O primeiro era este projecto, baseado num livro de John Hopkins, com um argumento adaptado pelo próprio. Connery quis este papel por ser uma personagem moralmente confusa, e que pode perfeitamente ser tão ou mais psicopata que o assassino. Conseguiu convencer Sidney Lumet, com quem já tinha colaborado em vários filmes, para realizar "The Offence".
Lumet preparava-se para uma série de sucessos na sua carreira, já neste ano de 1973 também saía "Serpico", e em 1975 e 76 conseguiria duas nomeações para melhor realizador com "Dog Day Afternoon" e "Network".
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Filme que era o testamento do poder de Sean Connery em Hollywood, funcionou como uma espécie de suborno para tentar fazer Connery voltar ao papel de James Bond, com a MGM a oferecer-lhe dois projectos de estimação. O segundo, que nunca chegou a ser feito, era uma versão de "Macbeth" que Connery era para dirigir. O primeiro era este projecto, baseado num livro de John Hopkins, com um argumento adaptado pelo próprio. Connery quis este papel por ser uma personagem moralmente confusa, e que pode perfeitamente ser tão ou mais psicopata que o assassino. Conseguiu convencer Sidney Lumet, com quem já tinha colaborado em vários filmes, para realizar "The Offence".
Lumet preparava-se para uma série de sucessos na sua carreira, já neste ano de 1973 também saía "Serpico", e em 1975 e 76 conseguiria duas nomeações para melhor realizador com "Dog Day Afternoon" e "Network".
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Perigo na Noite (Frenzy) 1972
Um criminoso sexual, conhecido como o Assassino da Gravata , que viola as suas vítimas e as estrangula com uma gravata, deixa a polícia de Londres em estado de alerta. Todas as pistas incriminam um inocente, que vai ter que fugir da lei para provar que não é o culpado, tentando encontrar o verdadeiro assassino.
Penúltimo filme de Alfred Hitichcock, "Frenzy" era também o regresso à sua Inglaterra natal, depois de uma longa ausência. O território familiar parece ter-lhe feito bem, já que o filme é bastante confiante, e energético. Notam-se claras melhorias desde as suas últimas obras, "Torn Curtain" e "Topaz", dois filmes menores na carreira do realizador, que parecem ter ser apenas dois thrillers normais. Apesar de não ser um Hitchcock no topo de forma, tem toda a sagacidade e o humor mórbido que eram habituais nos bons tempos da sua carreira.
O filme era adaptado de um livro de Arthur La Bern chamado "Goodbye Piccadilly, Farewell Leicester Square", e revisitava muitos dos seus motivos que tinham feito a raíz dos seus trabalhos mais famosos: o tema do falso culpado, o humor negro a lidar com ironias da vida (o corpo de uma mulher aparece a boiar num rio logo depois de um político proclamar que ele está livre de poluição), e o ponto de vista pessimista de Hitchcock sobre a humanidade, reflectido na violência sexual dos crimes. O argumentista criminal, Anthony Shaffer, é quem une todos estes pontos.
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Penúltimo filme de Alfred Hitichcock, "Frenzy" era também o regresso à sua Inglaterra natal, depois de uma longa ausência. O território familiar parece ter-lhe feito bem, já que o filme é bastante confiante, e energético. Notam-se claras melhorias desde as suas últimas obras, "Torn Curtain" e "Topaz", dois filmes menores na carreira do realizador, que parecem ter ser apenas dois thrillers normais. Apesar de não ser um Hitchcock no topo de forma, tem toda a sagacidade e o humor mórbido que eram habituais nos bons tempos da sua carreira.
O filme era adaptado de um livro de Arthur La Bern chamado "Goodbye Piccadilly, Farewell Leicester Square", e revisitava muitos dos seus motivos que tinham feito a raíz dos seus trabalhos mais famosos: o tema do falso culpado, o humor negro a lidar com ironias da vida (o corpo de uma mulher aparece a boiar num rio logo depois de um político proclamar que ele está livre de poluição), e o ponto de vista pessimista de Hitchcock sobre a humanidade, reflectido na violência sexual dos crimes. O argumentista criminal, Anthony Shaffer, é quem une todos estes pontos.
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As Lágimas de Jennifer (Perché quelle strane gocce di sangue sul corpo di Jennifer?) 1972
A jovem e bela modelo Jennifer Lansbury e a amiga Marilyn Ricci mudam-se para um apartamento de um edifício ostentoso, depois de a inquilina anterior ter sido brutalmente assassinada. Em breve, Jennifer será perseguida pelo misterioso assassino. Os suspeitos prováveis incluem uma vizinha lésbica, uma velha e estranha mulher e o filho deformado, e até mesmo o arquiteto que construiu o edifício e que sofre de uma grave fobia de sangue.
Também conhecido por "Erotic Blue", este giallo era mais uma entrada pelo veterano argumentista do género Ernesto Gastaldi - mais conhecido por "Torso" ou "The Whip and the Body", de Mario Bava.
O realizador Helmer Giuliano Carnimeo (Anthony Ascott nas versões inglesas), habilmente constrói as cenas de assassinatos nos filmes, com sequências lentas, seguidas de rápidos ataques, e faz um excelente uso do grande edifício de apartamentos, e os seus inúmeros quartos assustadores. A fotografia em widescreen de Stelvio Massi abrange da melhor forma os cenários amplos.
Esta versão é a dobrada em inglês.
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Também conhecido por "Erotic Blue", este giallo era mais uma entrada pelo veterano argumentista do género Ernesto Gastaldi - mais conhecido por "Torso" ou "The Whip and the Body", de Mario Bava.
O realizador Helmer Giuliano Carnimeo (Anthony Ascott nas versões inglesas), habilmente constrói as cenas de assassinatos nos filmes, com sequências lentas, seguidas de rápidos ataques, e faz um excelente uso do grande edifício de apartamentos, e os seus inúmeros quartos assustadores. A fotografia em widescreen de Stelvio Massi abrange da melhor forma os cenários amplos.
Esta versão é a dobrada em inglês.
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quinta-feira, 13 de agosto de 2015
O Cosmonauta Perdido (Silent Running) 1972
Freeman Lowell (Bruce Dern) completa três anos a bordo do cargueiro espacial "Valley Forge" preservando os únicos espécimes botânicos que restaram da Terra, protegidos em enormes domos geodésicos. Quando recebe ordens para destruir o projeto e voltar para casa, Lowell rebela-se e foge com o cargueiro, matando os colegas tripulantes, ferindo-se e mergulhando a nave nos anéis gasosos de Saturno. A partir deste momento, ele tem apenas as árvores, os jardins e dois robot, Huey e Dewey, para acompanhá-lo na mais solitária das aventuras.
O primeiro filme realizado por Douglas Trumbull, o maestro dos efeitos especiais de obras memoráveis, como "2001: A Space Odyssey", "Close Encounters of Third Kind" e "Blade Runner", apresenta-nos aqui uma pequena dose num filme totalmente seu, talvez um pouco datados para os tempos que correm, mas tendo em conta o orçamento e o tempo de filmagem limitados, não deixa de ser uma obra impressionante.
Contudo, este não é um filme feito para nos impressionar com os efeitos especiais, é antes uma semi-parábola sobre os perigos do desflorestamento do planeta, por causa do lucro das grandes indústrias. É apresentado de uma forma muito simplista, mas com o espírito da era em que foi feito (a era hippie), provavelmente dirigido a uma audiência mais sensibilizada do que se fosse feito hoje.
Interessante são os nomes que estão associados ao argumento do filme: Michael Cimino, o próprio, dois anos antes de estrear o seu primeiro filme; Steven Bochco, argumentista de várias séries, a mais famosa "Hill Street Blues"; e Deric Washburn, que mais tarde viria a colaborar com Cimino no argumento de "O Caçador".
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O primeiro filme realizado por Douglas Trumbull, o maestro dos efeitos especiais de obras memoráveis, como "2001: A Space Odyssey", "Close Encounters of Third Kind" e "Blade Runner", apresenta-nos aqui uma pequena dose num filme totalmente seu, talvez um pouco datados para os tempos que correm, mas tendo em conta o orçamento e o tempo de filmagem limitados, não deixa de ser uma obra impressionante.
Contudo, este não é um filme feito para nos impressionar com os efeitos especiais, é antes uma semi-parábola sobre os perigos do desflorestamento do planeta, por causa do lucro das grandes indústrias. É apresentado de uma forma muito simplista, mas com o espírito da era em que foi feito (a era hippie), provavelmente dirigido a uma audiência mais sensibilizada do que se fosse feito hoje.
Interessante são os nomes que estão associados ao argumento do filme: Michael Cimino, o próprio, dois anos antes de estrear o seu primeiro filme; Steven Bochco, argumentista de várias séries, a mais famosa "Hill Street Blues"; e Deric Washburn, que mais tarde viria a colaborar com Cimino no argumento de "O Caçador".
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quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Uma Mulher da Rua (Boxcar Bertha) 1972
Durante a altura da depressão, Bertha Thompson (Barbara Hershey) viu o pai ser forçado a pilotar um avião em condições precárias e morrer num acidente. Mais tarde ela liga a "Big" Bill Shelley (David Carradine), um líder sindical, mas na "caça às bruxas" que caracterizou a época do macartismo, ele era considerado um comunista. Assim, "Big" Bill é perseguido e logo os dois veem envolvidos em assaltos.
Primeiro filme feito em Hollywood por Martin Scorsese, feito com um orçamento limitado de 600 mil dólares. Era considerado uma imitação fiel do recente êxito de bilheteira "Bonnie & Clyde", e era também um projecto pouco pessoal do realizador, baseado nas memórias da verdadeira Boxcar Bertha Thompson. Evitava a todo custo ser um filme político, concentrado-se sobretudo na natureza do ser humano.
Há algumas sequências cómicas, e outras com sexo quase explícito, que o transformam num produto a ser mais comercial do que artístico. Ainda assim é uma obra a descobrir.
A produção era de Roger Corman, e o filme cairia nas boas graças de John Cassavetes. O restante elenco contava ainda com um bom naipe de actores: Barry Primus, Bernie Casie, John Carradine e Victor Argo.
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Primeiro filme feito em Hollywood por Martin Scorsese, feito com um orçamento limitado de 600 mil dólares. Era considerado uma imitação fiel do recente êxito de bilheteira "Bonnie & Clyde", e era também um projecto pouco pessoal do realizador, baseado nas memórias da verdadeira Boxcar Bertha Thompson. Evitava a todo custo ser um filme político, concentrado-se sobretudo na natureza do ser humano.
Há algumas sequências cómicas, e outras com sexo quase explícito, que o transformam num produto a ser mais comercial do que artístico. Ainda assim é uma obra a descobrir.
A produção era de Roger Corman, e o filme cairia nas boas graças de John Cassavetes. O restante elenco contava ainda com um bom naipe de actores: Barry Primus, Bernie Casie, John Carradine e Victor Argo.
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O Juiz Roy Bean (The Life and Times of Judge Roy Bean) 1972
O Juiz Roy Bean é um homem irredutível. Uma espécie de mito no velho Oeste. Ele mesmo criou as suas próprias leis e aplica-as com seus os métodos, como acha correcto. Qualquer pessoa que cometa um crime (na visão do juiz) é severamente punido. Severamente mesmo.
John Huston, o realizador. John Milius, o argumentista. Paul Newman, o protagonista. Violento, caricatural, e conto sentimental, bem embrulhado, como se fosse um western, é mais uma das pérolas da fase final da carreira de John Huston. "The Life and Times of Judge Roy Bean" é uma crónica sombria sobre as promessas e desilusões do chamado "sonho americano".
Qualquer filme que ouse cobrir tanto terreno em termos de tempo, e tente chamar a atenção para o seu significado histórico, corre sérios riscos de ficar facilmente datado. No entanto, este filme é tão divertido e vigorosamente interpretado, principalmente por Newman no papel principal, que as suas pretensões acabam por se tornar qualidades.
Embora o Roy Bean da vida real tenha morrido em 1903, o argumento de Milius acaba por ser vago sobre datas e épocas. O filme parece cobrir toda a história do Texas, bem reflectido no crescimento de Vinegaroon, que no início parece um único bar de prostitutas situado num terreno baldio, de uma desolação quase cómica, até ser uma cidade fronteiriça próspera.
Um destaque especial, para a qualidade do restante elenco: Anthony Perkins, Ned Beatty, Tab Hunter, Stacy Keach, Roddy McDowall, Jacqueline Bisset, Ava Gardner e Richard Farnsworth.
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John Huston, o realizador. John Milius, o argumentista. Paul Newman, o protagonista. Violento, caricatural, e conto sentimental, bem embrulhado, como se fosse um western, é mais uma das pérolas da fase final da carreira de John Huston. "The Life and Times of Judge Roy Bean" é uma crónica sombria sobre as promessas e desilusões do chamado "sonho americano".
Qualquer filme que ouse cobrir tanto terreno em termos de tempo, e tente chamar a atenção para o seu significado histórico, corre sérios riscos de ficar facilmente datado. No entanto, este filme é tão divertido e vigorosamente interpretado, principalmente por Newman no papel principal, que as suas pretensões acabam por se tornar qualidades.
Embora o Roy Bean da vida real tenha morrido em 1903, o argumento de Milius acaba por ser vago sobre datas e épocas. O filme parece cobrir toda a história do Texas, bem reflectido no crescimento de Vinegaroon, que no início parece um único bar de prostitutas situado num terreno baldio, de uma desolação quase cómica, até ser uma cidade fronteiriça próspera.
Um destaque especial, para a qualidade do restante elenco: Anthony Perkins, Ned Beatty, Tab Hunter, Stacy Keach, Roddy McDowall, Jacqueline Bisset, Ava Gardner e Richard Farnsworth.
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terça-feira, 11 de agosto de 2015
O Rei de Marvin Gardens (The King of Marvin Gardens) 1972
Jack Nicholson e Bruce Dern interpretam dois irmãos afastados, David e Jason, o primeiro um apresentador de um programa de rádio depressivo, o segundo um ex-condenado extrovertido. Quando Jason arrasta o irmão mais novo para uma lúgubre Atlantic City, e para um esquema imobiliário fraudulento, os eventos em direcção à tragédia começam a ser irreversíveis.
Depois de vários anos em papéis menores, Jack Nicholson atingiu o estatuto de vedeta com Easy Rider (1969) e Five Easy Pieces (1970), logo seguidos por uma sequência de sucessos do público e da crítica, como "Carnal Knowledge", "Chinatown", "The Last Detail" ou "One Flew Over the Cuckoo´s Nest". Mas no meio destas obras houve um que foi um fracasso de público e de crítica, e que hoje é um filme de culto, muito mais reconhecido, e que talvez não tenha sido compreendido por ter sido um dos filmes mais pessimistas do seu tempo.
"The King of Marvin Gardens" é uma obra cheia de momentos surreais e diálogos obscuros, com a cidade a ser fotografada em toda a sua desolação, e toda a sua beleza decadente por László Kovácscorrect, que também fotografou "Easy Rider" e "Five Easy Pieces". O filme é melhor visto em conjunto com "Atlantic City", realizado quase uma década depois por Louis Malle.
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Depois de vários anos em papéis menores, Jack Nicholson atingiu o estatuto de vedeta com Easy Rider (1969) e Five Easy Pieces (1970), logo seguidos por uma sequência de sucessos do público e da crítica, como "Carnal Knowledge", "Chinatown", "The Last Detail" ou "One Flew Over the Cuckoo´s Nest". Mas no meio destas obras houve um que foi um fracasso de público e de crítica, e que hoje é um filme de culto, muito mais reconhecido, e que talvez não tenha sido compreendido por ter sido um dos filmes mais pessimistas do seu tempo.
"The King of Marvin Gardens" é uma obra cheia de momentos surreais e diálogos obscuros, com a cidade a ser fotografada em toda a sua desolação, e toda a sua beleza decadente por László Kovácscorrect, que também fotografou "Easy Rider" e "Five Easy Pieces". O filme é melhor visto em conjunto com "Atlantic City", realizado quase uma década depois por Louis Malle.
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Carne de Primeira (Prime Cut) 1972
Mary Ann (Gene Hackman) é o dono de um matadouro com ligações a Jake, um grande chefe da Máfia. O seu negócio é apenas fachada para o comércio de drogas e prostituição. Deve uma grande quantia de dinheiro a Jake, mas os primeiros cobradores são transformados em salsichas (literalmente). Assim, Nick Devlin (Lee Marvin) é contratado pelo poderoso mafioso para receber a dívida, nem que para isso tenha de matar Mary Ann.
Esta mistura pouco frequente entre acção e sátira é um passeio memorável ao "vale tudo" que Hollywood experimentou durante a década de 70. "Prime Cut" tem a quantidade de pancadaria e tiroteios do que se espera para um filme de acção, mas a inspiração do argumentista Robert Dillon, pouco vulgar para o argumento de um filme deste género, colocando a história num ambiente rural, acompanhada por um tom satírico. Michael Ritchie, mais conhecido por comédias como "The Bad News Bears", conduz a acção com um toque leve e espirituoso, e consegue arrancar óptimas interpretações dos seus actores principais: Marvin como o gangster machista, Hackman como o seu tempestuoso inimigo, e Sissy Spacek e Angel Tompkins como fortes suportes femininos.
Tudo somado, pode parecer um pouco estranho para os espectadores que gostam de filmes de acção, mas tem a mistura perfeita para o que é considerado cinema de culto.
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Esta mistura pouco frequente entre acção e sátira é um passeio memorável ao "vale tudo" que Hollywood experimentou durante a década de 70. "Prime Cut" tem a quantidade de pancadaria e tiroteios do que se espera para um filme de acção, mas a inspiração do argumentista Robert Dillon, pouco vulgar para o argumento de um filme deste género, colocando a história num ambiente rural, acompanhada por um tom satírico. Michael Ritchie, mais conhecido por comédias como "The Bad News Bears", conduz a acção com um toque leve e espirituoso, e consegue arrancar óptimas interpretações dos seus actores principais: Marvin como o gangster machista, Hackman como o seu tempestuoso inimigo, e Sissy Spacek e Angel Tompkins como fortes suportes femininos.
Tudo somado, pode parecer um pouco estranho para os espectadores que gostam de filmes de acção, mas tem a mistura perfeita para o que é considerado cinema de culto.
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O Corno de Cabra (Kozijat Rog) 1972
No séc. XVII, quando a Bulgária se encontra sob domínio islâmico pelo império otomano, uma menina testemunha a violação e assassinato da sua mãe, pelos senhores feudais turcos. O pai dela leva-a para os montes, onde lhe dá uma educação e treino violento de rapaz, e incute nela a vontade de vingança.
História de guerra épica, "Kozijat Rog" foi o filme mais visto de sempre na Bulgária. Em 1972 foi visto por 3 milhões de espectadores, de um população de 8 milhões.
Uma das melhores adaptações para cinema de uma curta história de Nikolai Haitov, aqui ajudado pelo realizador Metodi Andonov, este filme é ao mesmo tempo uma parábola e uma tragédia, reveladas através de um diálogo muito escasso, e uma grande tensão dramática, denunciando a violência contra a natureza humana, e defendendo o direito à liberdade pessoal.
Metodi Antonov era especialista em dramas psicológicos intensos, e depois deste filme era uma das grandes promessas do cinema búlgaro. Infelizmente falecia dois anos depois, com 42 anos de idade.
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História de guerra épica, "Kozijat Rog" foi o filme mais visto de sempre na Bulgária. Em 1972 foi visto por 3 milhões de espectadores, de um população de 8 milhões.
Uma das melhores adaptações para cinema de uma curta história de Nikolai Haitov, aqui ajudado pelo realizador Metodi Andonov, este filme é ao mesmo tempo uma parábola e uma tragédia, reveladas através de um diálogo muito escasso, e uma grande tensão dramática, denunciando a violência contra a natureza humana, e defendendo o direito à liberdade pessoal.
Metodi Antonov era especialista em dramas psicológicos intensos, e depois deste filme era uma das grandes promessas do cinema búlgaro. Infelizmente falecia dois anos depois, com 42 anos de idade.
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segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Ecstasy of Angels (Tenshi no Kôkotsu) 1972
Um grupo de anarquistas, que vestem roupas da moda e vivem em apartamentos elegantemente mobilados, entram num depósito de armas e roubam algumas caixas com explosivos. Há um tiroteio com o exército e o líder do grupo anarquista é cego. Ele consegue fugir, mas o grupo agora começa a dividir-se, e começam a criar conflitos entre os seus membros.
Kôji Wakamatsu, líder do movimento do cinema experimental japonês, foi um cineasta cuja carreira bizarra se prolonga desde o inicio dos anos sessenta, e vai até ao final dos anos noventa, fazendo o trabalho de outros contemporâneos seus, como Seijun Suzuki, parecer demasiado agradável, comparado com a sua obra.
Este trabalho dividi-se entre a art house e o "pink movie", uma espécie de cinema softcore, filmes carregados dramaticamente que eram dominantes no cenário interno japonês do anos sessenta e setenta (havia um outro subgénero, chamado roman porn, que era feito com filmes mais explícitos sexualmente). O estilo visual do filme vai buscar grandes influências ao expressionismo, com uma iluminação forte, e takes longos com especial foque nas cenas de interiores, misturado com shots de exteriores de câmara ao ombro.
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Kôji Wakamatsu, líder do movimento do cinema experimental japonês, foi um cineasta cuja carreira bizarra se prolonga desde o inicio dos anos sessenta, e vai até ao final dos anos noventa, fazendo o trabalho de outros contemporâneos seus, como Seijun Suzuki, parecer demasiado agradável, comparado com a sua obra.
Este trabalho dividi-se entre a art house e o "pink movie", uma espécie de cinema softcore, filmes carregados dramaticamente que eram dominantes no cenário interno japonês do anos sessenta e setenta (havia um outro subgénero, chamado roman porn, que era feito com filmes mais explícitos sexualmente). O estilo visual do filme vai buscar grandes influências ao expressionismo, com uma iluminação forte, e takes longos com especial foque nas cenas de interiores, misturado com shots de exteriores de câmara ao ombro.
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domingo, 9 de agosto de 2015
Lobo Solitário - A Espada da Vingança (Kozure ôkami: Ko wo kashi ude kashi tsukamatsuru) 1972
A popular série dos anos 70, chamada Lobo Solitário, baseada numa popular manga de Kazuo Koike e do artista Goseki Kojima, baseia-se na tradição dos filmes de samurais. Embora seja um dos exemplos mais violentos do género, a brutalidade adapta-se à trama, e é completada com sequências de viagens em paisagens desoladas. A história em geral é bastante simples, embora os episódios individuais possam deixar o espectador causal a perguntar sobre as história e as alianças das personagens.
Os seis filmes de que fazem parte esta história, seguem a história do samurai desonrado Ogami Ittō, e do seu filho de 3 anos que ele empurra num carrinho, Daigorō, à procura de trabalho como assassino de aluguer, enquanto combate as forças do clã Yagyū. Esta primeira parte conta a história da fuga de Ittõ, depois de membros de um clã dissidente terem assassinado a sua esposa, e o terem culpado de traição.
Ao contrário da manga, os filmes não têm uma conclusão definitiva porque os livros ainda estavam a ser editados quando os filmes saíram. Os filmes vão aumentando de violência, com o último a bater o record de contagem de corpos causados por um só indivíduo, numa única cena, pelo menos até aquela altura.
Kenji Misumi é o realizador deste, e dos quatro filmes seguintes, enquanto o samurai protagonista é interpretado por Tomisaburô Wakayama.
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Os seis filmes de que fazem parte esta história, seguem a história do samurai desonrado Ogami Ittō, e do seu filho de 3 anos que ele empurra num carrinho, Daigorō, à procura de trabalho como assassino de aluguer, enquanto combate as forças do clã Yagyū. Esta primeira parte conta a história da fuga de Ittõ, depois de membros de um clã dissidente terem assassinado a sua esposa, e o terem culpado de traição.
Ao contrário da manga, os filmes não têm uma conclusão definitiva porque os livros ainda estavam a ser editados quando os filmes saíram. Os filmes vão aumentando de violência, com o último a bater o record de contagem de corpos causados por um só indivíduo, numa única cena, pelo menos até aquela altura.
Kenji Misumi é o realizador deste, e dos quatro filmes seguintes, enquanto o samurai protagonista é interpretado por Tomisaburô Wakayama.
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Female Prisoner #701: Scorpion (Joshû 701-gô: Sasori) 1972
Violada por um gang da Yakuza, sacrificada e traída pelo polícia corrupto a quem ela inocentemente entregou a sua virgindade, Nami Matsushima (interpretada pela deslumbrante Meiko Kaji), encontra-se numa prisão feminina, vigiada por guardas monstruosos, determinados a esmagar a sua indomável vontade de vingança. Matsu, também chamada de Escorpião pelas suas colegas da prisão, procura não apenas vingança contra os homens responsáveis pela sua queda em desgraça, mas também a justiça contra os seus atormentadores dentro dos muros da prisão.
Primeiro de uma série de quatro filmes com a bela e feroz Meiko Kaji como protagonista, na pele de uma mulher prisioneira. Embora seja essencialmente um filme sobre mulheres na prisão, cobre um terreno muito mais amplo do que a exploitation, e fá-lo num estilo muito próprio. O filme cai rapidamente num sub-género do cinema japonês muito popular nos anos 60 e 70, o Pinky Violence. A história está cheia de nudez e violência, mas pelo menos existe algum contexto ou razão adicional para essas cenas.
Realizado pelo estreante Shunya Itô, que dirigiu os três primeiros filmes da série. Foi uma série muito popular no Oriente, durante a década de 70.
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Primeiro de uma série de quatro filmes com a bela e feroz Meiko Kaji como protagonista, na pele de uma mulher prisioneira. Embora seja essencialmente um filme sobre mulheres na prisão, cobre um terreno muito mais amplo do que a exploitation, e fá-lo num estilo muito próprio. O filme cai rapidamente num sub-género do cinema japonês muito popular nos anos 60 e 70, o Pinky Violence. A história está cheia de nudez e violência, mas pelo menos existe algum contexto ou razão adicional para essas cenas.
Realizado pelo estreante Shunya Itô, que dirigiu os três primeiros filmes da série. Foi uma série muito popular no Oriente, durante a década de 70.
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What? (Che?) 1972
Uma jovem americana (Sydne Rome), encontra-se a viajar por Itália, até dar consigo numa estranha villa do Mediterrâneo, onde nada parece estar certo. A sua visita torna-se uma versão absurda e decadente de "Alice no País das Maravilhas" com Marcello Mastroianni como o mais louco dos chapeleiros loucos, e Roman Polanski como a "lebre" perversa.
Comédia de humor negro realizada por Roman Polanski, tem quase todas as qualidades redentoras que um filme pode ter: é machista, aborrecido, ofensivo e mal interpretado. Embora alguns o tenham descrito como uma versão de "Alice no País das Maravilhas", a comparação não é merecida. Enquanto as experiências da Alice de Carroll são humoristicamente bizarras com criaturas de universos paralelos, Rome é simplesmente abordada por incontáveis devassos, mas como ela é um protótipo de uma "loira burra" hippie, ela desiste em vez de lutar.
Polanski realizou este filmes entre a sua versão de "Macbeth" e o mega-sucesso de "Chinatown". Na altura da sua estreia recebeu péssimas críticas, além de ter fracassado nas bilheteiras, pelo que se tornou no filme menos conhecido do realizador. Muitos dizer ser o seu pior filme, ainda pior que "Piratas", de 1986. Será?
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Comédia de humor negro realizada por Roman Polanski, tem quase todas as qualidades redentoras que um filme pode ter: é machista, aborrecido, ofensivo e mal interpretado. Embora alguns o tenham descrito como uma versão de "Alice no País das Maravilhas", a comparação não é merecida. Enquanto as experiências da Alice de Carroll são humoristicamente bizarras com criaturas de universos paralelos, Rome é simplesmente abordada por incontáveis devassos, mas como ela é um protótipo de uma "loira burra" hippie, ela desiste em vez de lutar.
Polanski realizou este filmes entre a sua versão de "Macbeth" e o mega-sucesso de "Chinatown". Na altura da sua estreia recebeu péssimas críticas, além de ter fracassado nas bilheteiras, pelo que se tornou no filme menos conhecido do realizador. Muitos dizer ser o seu pior filme, ainda pior que "Piratas", de 1986. Será?
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O Outro (The Other) 1972
No verão de 1935, dois gémeos com 12 anos de idade, Niles e Holland Perry vivem com a família numa quinta do Connecticut. A adorada avó Ada ensinou-lhes algo chamado "o jogo". Começam a acontecer vários acidentes, e Niles acha que Holland é o responsável. Ada começa a aperceber-se do que está a acontecer, e ela é a única pessoa que pode deter este jogo macabro.
Depois de uma carreira interessante na TV e nas longas metragens (como em "The Cardinal" de John Huston), Tom Tryon começou a escrever livros, com uma estreia muito interessante, o best-seller "The Other", que ele próprio adaptou para o cinema pela mão de Robert Mulligan, que realizou o filme.
"The Other" é um grande exercício técnico, que no fim compensa o ritmo um pouco lento que se prolonga pela primeira hora de filme. É passado muito tempo a ver os jovens a brincar, mas tudo isto irá levar a um grande twist, que influenciou um famoso filme posterior, que, como é óbvio, não vou dizer qual é.
O ambiente rural da quinta é de primeira qualidade, e Mulligan consegue tirar grandes interpretações dos seus jovens protagonistas, Chris e Martin Udvarnoky. Ganhou o prémio para Melhor Realizador na edição de 1972 do Festival de Sitgés.
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Depois de uma carreira interessante na TV e nas longas metragens (como em "The Cardinal" de John Huston), Tom Tryon começou a escrever livros, com uma estreia muito interessante, o best-seller "The Other", que ele próprio adaptou para o cinema pela mão de Robert Mulligan, que realizou o filme.
"The Other" é um grande exercício técnico, que no fim compensa o ritmo um pouco lento que se prolonga pela primeira hora de filme. É passado muito tempo a ver os jovens a brincar, mas tudo isto irá levar a um grande twist, que influenciou um famoso filme posterior, que, como é óbvio, não vou dizer qual é.
O ambiente rural da quinta é de primeira qualidade, e Mulligan consegue tirar grandes interpretações dos seus jovens protagonistas, Chris e Martin Udvarnoky. Ganhou o prémio para Melhor Realizador na edição de 1972 do Festival de Sitgés.
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sábado, 8 de agosto de 2015
Verão de 42 (Summer of '42) 1971
Durante as férias do Verão de 1942, na ilha de Nantucket, um jovem que aguarda ansiosamente o seu primeiro encontro sexual, desenvolve um amor inocente por uma jovem mulher à espera de noticias sobre o destino do marido, soldado, que se encontra em serviço na Segunda Guerra Mundial.
O Verão parece ser o cenário mais provável para os famosos filmes sobre a "coming of age", mas poucos são tão bonitos, poderosos ou realistas como este filme evocativo de Robert Mulligan. Baseado nas memórias do argumentista Herman Raucher, "Summer of ’42" é uma jornada de sonho através das memórias de Raucher, como ele relembra estas mesmas férias naquela ilha, no Verão de 1942, onde ele rodeado de amigos, se apaixonou por uma mulher mais velha.
Foi um sucesso surpresa, tendo se tornado num dos filmes mais vistos nesse ano. Ganhou um Óscar para Melhor Música Original, e ainda conseguiu mais três nomeações, incluindo o argumento de Herman Raucher.
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O Verão parece ser o cenário mais provável para os famosos filmes sobre a "coming of age", mas poucos são tão bonitos, poderosos ou realistas como este filme evocativo de Robert Mulligan. Baseado nas memórias do argumentista Herman Raucher, "Summer of ’42" é uma jornada de sonho através das memórias de Raucher, como ele relembra estas mesmas férias naquela ilha, no Verão de 1942, onde ele rodeado de amigos, se apaixonou por uma mulher mais velha.
Foi um sucesso surpresa, tendo se tornado num dos filmes mais vistos nesse ano. Ganhou um Óscar para Melhor Música Original, e ainda conseguiu mais três nomeações, incluindo o argumento de Herman Raucher.
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A Ameaça de Andrómeda (The Andromeda Strain) 1971
Um satélite artificial cai no Novo México carregando um microorganismo que começa a contaminar a população e mata todos na cidade próxima à queda, excepto um bébé e um velho. Uma equipa de cientistas tenta conter a epidemia e encontrar a cura, numa corrida contra o tempo.
Um livro de Michael Crichton do mesmo nome, de 1969, serviu de base para este filme, saltando para a produção pouco depois do livro ter sido lançado. Com uma grande quantidade de dinheiro desviada para o design dos cenários e para os gráficos computorizados, "The Andromeda Strain" era uma aposta arriscada para os produtores, principalmente porque não havia grandes estrelas no elenco. Desta forma, faz lembrar um pouco "2001: A Space Odyssey", de Stanley Kubrick, embora o âmbito do filme não seja sobre a beleza do espaço para além da nossa atmosfera, mas é mais sobre como a letalidade do espaço pode intervir na nossa vida. Parte thriller, parte disaster movie, e realizado por Robert Wise (de "The Sound of Music" ou "Star Trek"), o filme tocava em muitos medos do tempo em que foi feito, como a detonação nuclear, guerra química, paranóia, e experiências científicas que correm mal. Estes receios ainda hoje não desapareceram, o que torna a história interessante para os espectadores de hoje, desde que possamos ignorar os aspectos negativos da tecnologia usada.
É interessante ver um filme com uma ameaça extraterrestre que não se assemelha a qualquer coisa que vimos até aqui, porque a maioria dos filmes tem algo com uma aparência humanoide, ou mesmo reptiliana. Na verdade, até é uma representação muito mais plausível de uma ameaça alienígena do que a representada por muitos outros filmes de ficção científica. É também interessante para descrever o quanto frágil a vida na terra é quando uma simples forma de vida microscópica pode rapidamente se regenerar e se espalhar.
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Um livro de Michael Crichton do mesmo nome, de 1969, serviu de base para este filme, saltando para a produção pouco depois do livro ter sido lançado. Com uma grande quantidade de dinheiro desviada para o design dos cenários e para os gráficos computorizados, "The Andromeda Strain" era uma aposta arriscada para os produtores, principalmente porque não havia grandes estrelas no elenco. Desta forma, faz lembrar um pouco "2001: A Space Odyssey", de Stanley Kubrick, embora o âmbito do filme não seja sobre a beleza do espaço para além da nossa atmosfera, mas é mais sobre como a letalidade do espaço pode intervir na nossa vida. Parte thriller, parte disaster movie, e realizado por Robert Wise (de "The Sound of Music" ou "Star Trek"), o filme tocava em muitos medos do tempo em que foi feito, como a detonação nuclear, guerra química, paranóia, e experiências científicas que correm mal. Estes receios ainda hoje não desapareceram, o que torna a história interessante para os espectadores de hoje, desde que possamos ignorar os aspectos negativos da tecnologia usada.
É interessante ver um filme com uma ameaça extraterrestre que não se assemelha a qualquer coisa que vimos até aqui, porque a maioria dos filmes tem algo com uma aparência humanoide, ou mesmo reptiliana. Na verdade, até é uma representação muito mais plausível de uma ameaça alienígena do que a representada por muitos outros filmes de ficção científica. É também interessante para descrever o quanto frágil a vida na terra é quando uma simples forma de vida microscópica pode rapidamente se regenerar e se espalhar.
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quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Sol Vermelho (Soleil Rouge) 1971
O embaixador do Japão viaja pelo Oeste selvagem de comboio, quando um grupo de assaltantes o assalta, para roubar um carregamento de ouro. O comboio também transporta uma espada japonesa antiga, que o embaixador pretende entregar de presente ao presidente dos Estados Unidos. O guarda-costas do embaixador (Toshiro Mifune) vai atrás deles, com a ajuda de um dos lideres do gang (Charles Bronson) que foi traído pelos colegas...
Um western multinacional, incorporando as tradicionais figuras icónicas do cinema de género Ocidental e Oriental, não esquecendo a versão francesa do Samurai, já que o filme tem dinheiro de três origens diferentes, incluindo a França. Somando todas as partes, tudo parece perfeito demais. Mas não sendo um grande filme, acaba por ser uma obra agradável.
É impossível negar que a qualidade do casting abafa tudo. A realização é de Terence Young, que tinha realizado os três primeiros filmes da saga 007, e que por isso estava muito bem cotado no campo da acção. No elenco, além de Mifune e Bronson, contavam-se Ursula Andress, Alain Delon, Capucine, entre outros.
Foi filmado na região de Almería.
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Um western multinacional, incorporando as tradicionais figuras icónicas do cinema de género Ocidental e Oriental, não esquecendo a versão francesa do Samurai, já que o filme tem dinheiro de três origens diferentes, incluindo a França. Somando todas as partes, tudo parece perfeito demais. Mas não sendo um grande filme, acaba por ser uma obra agradável.
É impossível negar que a qualidade do casting abafa tudo. A realização é de Terence Young, que tinha realizado os três primeiros filmes da saga 007, e que por isso estava muito bem cotado no campo da acção. No elenco, além de Mifune e Bronson, contavam-se Ursula Andress, Alain Delon, Capucine, entre outros.
Foi filmado na região de Almería.
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Punishment Park (Punishment Park) 1971
1970: a guerra no Vietname está escaldante. O presidente Nixon decidiu fazer um bombardeamento ao Camboja. Há protestos públicos massivos, nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo.Nixon declara estado de emergência nacional, e activa - pressupomos no filme - a Lei de Segurança interna de 1950 (McCarran Act) que autoriza as autoridades federais, sem recorrerem ao Congresso, a deterem pessoas que são julgadas como "um risco interno à segurança".
Numa zona desértica do Sudoeste da Califórnia, não muito longe das tendas onde um tribunal civil está a passar sentenças (na maior parte a estudantes universitários) encontramo-nos no National Punishment Park, e descobrimos as regras do "jogo", a que as pessoas são obrigados a submeter-se como parte da alternativa que escolheram em vez do aprisionamento numa penitenciária. Duas equipas de documentaristas, uma da Alemanha Ocidental e outra da Grâ-Bertanha seguem dois grupos de detidos. Um grupo está a ser acusado através de um tribunal, enquanto o outro já escolheu a opção do Punishment Park. Resta saber exactamente o que é o Punishment Park.
Peter Watkins já tinha uma reputação de provocador desde a década de 60, desde que realizou "The War Game" em 1965, que ficou banido da BBC durante vinte anos. "Punishment Park" era tão incendiário como o documentário anterior. O estilo de pseudo documentário é complementado pelas técnicas de improvisação que Watkins utilizou.
A tensão aumenta ao longo do filme, e fica cada vez mais claro que o "Punishment Park" não é sobre a educação ou sobre a reabilitação, mas é um jogo sádico e cínico, semelhante ao que Pasolini viria a fazer alguns anos depois com "Saló ou os 120 Dias de Sodoma", uma experiência a que os prisioneiros têm pouca esperança de sobreviver.
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Numa zona desértica do Sudoeste da Califórnia, não muito longe das tendas onde um tribunal civil está a passar sentenças (na maior parte a estudantes universitários) encontramo-nos no National Punishment Park, e descobrimos as regras do "jogo", a que as pessoas são obrigados a submeter-se como parte da alternativa que escolheram em vez do aprisionamento numa penitenciária. Duas equipas de documentaristas, uma da Alemanha Ocidental e outra da Grâ-Bertanha seguem dois grupos de detidos. Um grupo está a ser acusado através de um tribunal, enquanto o outro já escolheu a opção do Punishment Park. Resta saber exactamente o que é o Punishment Park.
Peter Watkins já tinha uma reputação de provocador desde a década de 60, desde que realizou "The War Game" em 1965, que ficou banido da BBC durante vinte anos. "Punishment Park" era tão incendiário como o documentário anterior. O estilo de pseudo documentário é complementado pelas técnicas de improvisação que Watkins utilizou.
A tensão aumenta ao longo do filme, e fica cada vez mais claro que o "Punishment Park" não é sobre a educação ou sobre a reabilitação, mas é um jogo sádico e cínico, semelhante ao que Pasolini viria a fazer alguns anos depois com "Saló ou os 120 Dias de Sodoma", uma experiência a que os prisioneiros têm pouca esperança de sobreviver.
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quarta-feira, 5 de agosto de 2015
A Terceira Parte da Noite (Trzecia Czesc Nocy) 1971
O cenário é a Segunda Guerra Mundial, a invasão da Polónia pela Alemanha. Um homem testemunha a sua esposa e o filho serem brutalmente assassinados, e a sua mente leva-o para estranhos lugares enquanto ele tenta continuar a sua vida. Cruza com uma mulher grávida que se parece com a sua esposa, mas onde quer que ele vá encontra a morte e a violência brutal.
Filme de estreia de Andrzej Zulawski, que já aqui explora temas que serão recorrentes nos seus futuros filmes. Temas que traçam paralelos entre o amor que obriga a assumir riscos, e encontros com a morte que obrigam a viver a vida.
A guerra de Zulawski parece que nunca vai acabar, o que faz sentido, se considerarmos a posição da Polónia quando o filme foi feito, ainda sob o jugo de uma força invasora. Tal como os protagonistas de "Soldier of Orange", ou "Black Book", de Paul Verhoeven, a resistência de Zulawski parece nunca conseguir alguma coisa, e a única missão descrita é uma tentativa fracassada de resgatar o sósia de Grizzly. Derivando o título do filme a partir de um apocalipse bíblico, o realizador cria uma poderosa sensação de pesadelo.
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Filme de estreia de Andrzej Zulawski, que já aqui explora temas que serão recorrentes nos seus futuros filmes. Temas que traçam paralelos entre o amor que obriga a assumir riscos, e encontros com a morte que obrigam a viver a vida.
A guerra de Zulawski parece que nunca vai acabar, o que faz sentido, se considerarmos a posição da Polónia quando o filme foi feito, ainda sob o jugo de uma força invasora. Tal como os protagonistas de "Soldier of Orange", ou "Black Book", de Paul Verhoeven, a resistência de Zulawski parece nunca conseguir alguma coisa, e a única missão descrita é uma tentativa fracassada de resgatar o sósia de Grizzly. Derivando o título do filme a partir de um apocalipse bíblico, o realizador cria uma poderosa sensação de pesadelo.
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Salvo por Amor (Little Murders) 1971
Alfred (Elliott Gould) é um fotógrafo neurótico, cujo trabalho é fotografar porcaria de cão. Enquanto caminha pela cidade, com a cabeça continuamente apontada para baixo, focando a sua perspectiva sobre a calçada. Esta é, para ele, a única reação possível a um mundo podre, pelo menos até conhecer Patsy (Marcia Rodd) que o resgata de um assalto na cena de abertura, e depois fica enraivecida quando ele simplesmente se afasta, desinteressado, deixando-a à mercê de ela própria ser assaltada. Naturalmente, é o nascimento de um romance, principalmente porque Patsy não é capaz de tolerar alguém tão cínico como Alfred.
Jules Feiffer, cartoonista, dramaturgo, autor e ilustrador, além de argumentista deste filme, é tão refinado e brilhante em cada um dos seus talentos que é perversamente fácil subestimá-lo. Feiffer também foi o argumentista de "Carnal Knowledge", de Mike Nichols, realizado neste mesmo ano. Em "Little Murders" há a destacar a sua colaboração com Alan Arkin, actor já de renome que se estreava no campo das longas-metragens.
O filme é semi-autobiográfico, e não é para todos os gostos. Tal como Roger Ebert disse na sua crítica original "é muito o tipo de filme de Nova Iorque, paranoico, masoquista e nervoso", deixando-nos a perguntar que tipo de problema pode estar ao virar da esquina. As interpretações de todos os actores envolvidos são a razão principal porque se deve ver este filme: Elliot Gould, Marcia Rodd, Vincent Gardenia, Elizabeth Wilson, John Randolph, Lou Jacobi, Donald Sutherland, e o próprio Alan Arkin.
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Jules Feiffer, cartoonista, dramaturgo, autor e ilustrador, além de argumentista deste filme, é tão refinado e brilhante em cada um dos seus talentos que é perversamente fácil subestimá-lo. Feiffer também foi o argumentista de "Carnal Knowledge", de Mike Nichols, realizado neste mesmo ano. Em "Little Murders" há a destacar a sua colaboração com Alan Arkin, actor já de renome que se estreava no campo das longas-metragens.
O filme é semi-autobiográfico, e não é para todos os gostos. Tal como Roger Ebert disse na sua crítica original "é muito o tipo de filme de Nova Iorque, paranoico, masoquista e nervoso", deixando-nos a perguntar que tipo de problema pode estar ao virar da esquina. As interpretações de todos os actores envolvidos são a razão principal porque se deve ver este filme: Elliot Gould, Marcia Rodd, Vincent Gardenia, Elizabeth Wilson, John Randolph, Lou Jacobi, Donald Sutherland, e o próprio Alan Arkin.
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O Último Filme (The Last Movie) 1971
Um filme rodado no Perú corre extremamente mal quando um actor morre numa sequência de duplos, e um dos profissionais, Kansas (Dennis Hopper), decide desistir da produção e ficar numa aldeia, para se envolver com a prostituta Maria. Mas os seus sonhos de uma existência sem problemas são interrompidos quando o padre da aldeia lhe pede ajuda para fazer com que os habitantes da aldeia não se matem uns aos outros, ao tentar encenar as cenas do filme.
Depois do sucesso de "Easy Rider", em 1969, Dennis Hopper era o novo messias do cinema. Filme que era uma ode à contracultura, e que facturou 50 milhões de dólares, provocando uma reviravolta na indústria. Hopper ficou com carta livre para fazer o filme que quisesse, e assinou contracto com a Universal, para realizar este "The Last Movie". Era um projecto antigo do actor, que já vinha desde 1958, que só agora conseguia meter em produção. O argumento era escrito a meias com Stewart Stern, o argumentista de "Rebel Without a Cause", onde Hopper também colaborara.
Com um orçamento de mais de um milhão de dólares, mais do que o dobro de "Easy Rider", Hopper construiu cenários a mais de quatro mil metros de altitude, envolvendo alguns amigos, entre os quais Peter Fonda e Samuel Fuller, que também participaram nas rodagens. A montagem do filme demorou mais de um ano, para terminar com uma narrativa difícil, onírica, e fragmentada.
Apesar de ter ganho um prémio em Veneza, o filme foi massacrado pela crítica e pelo público, saíndo das salas de cinema em apenas duas semanas. Diz-se que Hopper até foi agredido na estreia, por uma estudante. Mesmo assim, ainda houve quem considerasse o filme visionário, muito à frente no seu tempo.
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Depois do sucesso de "Easy Rider", em 1969, Dennis Hopper era o novo messias do cinema. Filme que era uma ode à contracultura, e que facturou 50 milhões de dólares, provocando uma reviravolta na indústria. Hopper ficou com carta livre para fazer o filme que quisesse, e assinou contracto com a Universal, para realizar este "The Last Movie". Era um projecto antigo do actor, que já vinha desde 1958, que só agora conseguia meter em produção. O argumento era escrito a meias com Stewart Stern, o argumentista de "Rebel Without a Cause", onde Hopper também colaborara.
Com um orçamento de mais de um milhão de dólares, mais do que o dobro de "Easy Rider", Hopper construiu cenários a mais de quatro mil metros de altitude, envolvendo alguns amigos, entre os quais Peter Fonda e Samuel Fuller, que também participaram nas rodagens. A montagem do filme demorou mais de um ano, para terminar com uma narrativa difícil, onírica, e fragmentada.
Apesar de ter ganho um prémio em Veneza, o filme foi massacrado pela crítica e pelo público, saíndo das salas de cinema em apenas duas semanas. Diz-se que Hopper até foi agredido na estreia, por uma estudante. Mesmo assim, ainda houve quem considerasse o filme visionário, muito à frente no seu tempo.
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